Previ-Rio vai levar a leilão 28 mil m²

Terrenos valendo mais do que o dobro do que valiam há cinco anos e um mercado imobiliário superaquecido onde prédios comerciais são vendidos no máximo em dois meses, o ambiente parece ser o ideal para colocar à venda novas áreas. Por isso, a Previ-Rio, instituição que administra o fundo de pensão dos servidores de Prefeitura do Rio, decidiu vender cerca de 28 mil metros quadrados, divididos em oito terrenos, que ficam no entorno do prédio onde está localizada a Prefeitura, na Cidade Nova. O potencial de edificação da área é de 270 mil metros quadrados. "Hoje a cidade vive um momento ímpar com grande interesse de investimentos comerciais e residenciais", analisa a presidente do instituto, Ariane Di Iorio.

O Previ-Rio espera arrecadar com a venda cerca de R$ 600 milhões. A estimativa é de que o metro quadrado saia por R$ 8 mil para escritórios e chegue a R$ 11 mil para lojas. "Estamos num ponto privilegiado da cidade, a dez minutos do centro, na saída do Túnel Rebouças, próximo à Linha Vermelha e à Ponte Rio-Niterói, além de duas estações do metrô na porta", explica a Ariane. Só para ter uma ideia, no centro da cidade, o preço do metro quadrado pode chegar a R$ 14 mil, é o caso do valor cobrado no RB1, edifício que fica na Avenida Rio Branco número 1, na Praça Mauá.

A presidente do instituto explica que a modelagem ainda está sendo feita. "A Rio Negócios (agência de promoção de investimentos do Rio) está desenhando o modelo", conta. Segundo ela, ainda não foi decidido se o instituto terá participação nos empreendimentos ou se venderá totalmente as áreas.

No mercado imobiliário, a notícia dos novos terrenos foi bem recebida. Luis Henrique Rimes, diretor de Negócios Nacional da João Fortes acredita que o preço sugerido pelo fundo torna o negócio viável e que deve haver uma demanda pelos terrenos. "No entanto, não acredito em grandes valorizações para a área", afirma o diretor da construtora. Isso porque a licitação deve ocorrer junto com o início da oferta dos terrenos do Porto Maravilha, área mais próxima do centro da cidade.

Já Mario Amorim, diretor da Basimóvel, imobiliária que pertence ao grupo Brasil Brokers, além de acreditar na viabilidade do negócio, diz que a chegada de novos terrenos nessa proporção é salutar para o mercado. "Ela causará um equilíbrio de preços. Evitará a especulação no mercado", acredita. "O potencial para imóveis comerciais naquela região é muito grande e uma opção ao centro, porque tem bons acessos e o metrô na porta", conclui.

Ariane aposta que os terrenos do Previ-Rio podem ter uma atratividade maior, já que estão livres, com infraestrutura pronta e capacidade para receber alta tecnologia. "No Porto é preciso reformar os prédios e ampliar a capacidade tecnológica".

Os executivos concordam que este é um bom momento para o Previ-Rio vender os seus terrenos. "Esta é a hora para a Prefeitura vender, quando o mercado está aquecido", diz Marcelo Latini, sócio da Latini Bertoletti, empresa especializada no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários. Latini também acredita na viabilidade de empreendimentos residenciais na região, já que a área está bem próxima da Tijuca, que, atualmente, está sendo valorizada em função da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A própria Cidade Nova também foi beneficiada em função da instalação de uma UPP no morro do São Carlos, localizado em frente ao bairro.

Desde os anos 80, diversas administrações do Rio tentaram revitalizar a Cidade Nova. O primeiro passo foi a transferência da Prefeitura do Palácio da Cidade, em Botafogo, para o bairro encravado entre o Morro do São Carlos e a Avenida Presidente Vargas.

Nos anos 90, nova tentativa com a criação do projeto Teleporto e a construção do Edifício Centro Empresarial Cidade Nova, conhecido também como Teleporto, além de um anexo à Prefeitura. Durante esses anos, as casas e prédios que ficavam no entorno foram sendo desapropriados pelas sucessivas administrações para reurbanização da área, incluindo a Vila Mimosa, famosa zona de prostituição que ficava onde hoje está o Centro de Convenções SulAmérica. Além do Centro, a área recebeu, em 2007, um prédio novo da BR Distribuidora.

A maior parte dos terrenos que serão leiloados foi repassada pela Prefeitura ao Previ-Rio em 1997. O instituto fez um empréstimo ao município e recebeu como garantia os Carioquinhas, (títulos públicos da cidade). Com o escândalo dos títulos e para quitar a dívida, a Prefeitura repassou os terrenos.

O Previ-Rio tem em carteira R$ 2,334 bilhões, dos quais R$ 1,2156 bilhão em imóveis. Parte desse dinheiro é utilizado para financiar a casa própria dos servidores. Já o fundo que ele administra para pagar as aposentadorias e pensões, o Funprevi, tem em carteira R$ 1,506 bilhão. O dinheiro arrecadado com a venda dos terrenos será repassado ao instituto e não ao fundo.

(Paola Moura l Valor)

+ posts

Share this post