Progen planeja crescer com aquisições

Barella, diretor-executivo: "Ou a Progen reagia para se fortalecer e não ser engolida ou acabaria sobrevivendo no setor como uma empresa de nicho"Na onda do crescimento da economia do país, que puxa vários setores industriais, empresas de engenharia e projetos também se movimentam para ganhar musculatura e poder atender seus clientes, tanto no Brasil quanto no exterior. Da lista não fica de fora a Progen, companhia familiar paulista que está há 23 anos no mercado, atuando principalmente nos setores de mineração e metalurgia com engenharia consultiva, gerenciamento e implantação de projetos.

A empresa comandada por Eduardo Barella, que assumiu a gestão executiva em 2009 no lugar do pai, busca avançar em novos setores, como os de infraestrutura e de óleo e gás. Um caminho traçado é o de aquisições. Nessa estratégia, acaba de comprar 80% do capital da R. Peotta, do Rio de Janeiro, por R$ 7,5 milhões. A Peotta, fundada em 1994, é especializada em engenharia e projetos no ramo portuário.

Segundo a avaliação do executivo, o novo ativo traz ganhos importantes às operações da Progen. "Ter ao nosso lado Roberto Peotta, um dos maiores especialistas em obras portuárias do país, mostra a confiança depositada por ele em nosso projeto de expansão", afirma Barella. Com o negócio, que diz ser bancado por recursos próprios, monta sua primeira base no Rio de Janeiro. A incorporação da R. Peotta permitirá dobrar sua receita com serviços no setor portuário, para R$ 17 milhões neste ano.

O executivo não pretende parar por aí. Para Barella, "o momento desse mercado [engenharia e projetos] é de consolidação, pois há no Brasil um leque grande empresas de pequeno e médio porte tipicamente familiares, enquanto no exterior vemos grandes companhias com capacidade ociosa, ávidas para conquistar novos mercados".

O setor de engenharia e projetos no Brasil convive há alguns anos com uma onda de consolidação de ativos, com agressiva entrada de grupo estrangeiros gigantes, adquirindo empresas locais. Ele aponta três exemplos: a CNEC, que foi adquirida pela australiana WorleyParsons; a MinerConsult, pela francesa SNC/Levalin, e a Logos, pela Arcadis.

"Ou a Progen reagia para se fortalecer e não ser engolida – por se tratar de empresa média – ou acabaria sobrevivendo como uma empresa de nicho", afirma o empresário. Ele diz que a opção foi partir para o ataque, fazendo antes uma reorganização societária interna, com aquisição da parte do sócio e profissionalizando ainda mais a gestão. Seu sonho é criar uma grande empresa nacional de engenharia com presença nos quatro grandes setores desse mercado.

No ano passado, admite Barella, a empresa ensaiou alguns movimentos, sem sucesso. O foco era em ativos de peso. "Foi um ano de aprendizado. Analisei muitas empresas, mas não queria entrar em leilão com grupos estrangeiros nem tinha fôlego para disputa tão pesada". Por isso, alterou a estratégia para alvos de nicho, caso da R. Peotta.

Nesse caminho mais comedido, o empresário assegura ter hoje no alvo 30 ativos especializados em óleo e gás e em setores como químico-petroquímico, farmacêutico, cosmético, varejo, shoppings centers, hospitalar e arenas esportivas. "Apenas organicamente não vamos ganhar força, rapidamente, para competir com os players internacionais", afirma Barella.

A alta especialização da Progen, conforme o executivo, levou a empresa a ganhar um contrato de exclusividade mundial da Vale pelo período de cinco anos em obras de mineração, metais e de infraestrutura ferroviária e portuária. O acordo só não abrange projetos em Cuba.

Seu primeiro passo na gestão da Progen foi desenhar um plano estratégico de cinco anos, período no qual, com mais aquisições e expansão orgânica, pretende triplicar o faturamento da empresa. A empresa fechou 2010 com receita bruta de R$ 260 milhões. Para este ano projetou R$ 350 milhões – "ou R$ 400 milhões, com mais aquisições", acredita. A meta – ousada e ambiciosa – é alcançar R$ 800 milhões em 2013.

A mineração respondeu por 50% do faturamento da empresa no ano passado. Obras de portos e ferrovias ficaram com 20%, seguidas de perto por óleo e gás, com 18%. Diversos outros setores, como farmacêutico, petroquímico e varejo responderam por 12%. O empresário informa que começou este ano com uma carteira de encomendas de R$ 450 milhões.

O mercado de engenharia está aquecido e a maioria das empresas, além de mineração e metalurgia, buscam entrar no cobiçado setor de óleo e gás. Caso da Promon, que reforça o foco nessa área. A finlandesa Poyry busca ativos no país na sua volta ao setor de mineração e fertilizantes.

A empresa ajustou o foco, separando engenharia da atividade de gerenciamento de projetos e criou três grandes unidades de negócios: mineração, óleo e gás, e energia/indústrias. "Não queremos ficar dependentes de um ou dois setores; também buscamos expansão geográfica", diz o empresário de 30 anos, formado em administração de empresas. Foi levado para a Progen quando tinha 18 anos.

A empresa tem escritórios e bases de operações em vários Estados do país, como Minas, Pará, Maranhão e Espírito Santo e também na Argentina. Nesse país, em Neuquén, tem 80 pessoas envolvidas com o projeto da mina de potássio de Rio Colorado, da Vale. Acompanhando a empresa, também está em Omã e na Malásia.

Com dois terços do faturamento em projetos consultivos e um terço em gerenciamento de implantação de obras, a Progen tem atualmente 1972 funcionários. Quase 90% são especializados: técnicos e engenheiros. O restante forma o apoio administrativo.

(Regis Filho | Valor)
 

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