Randon projeta R$ 10 bilhões de faturamento em 2016

Com o programa de R$ 2,5 bilhões em investimentos para os próximos cinco anos a contar de 2012, anunciado ontem, o grupo Randon pretende chegar em 2016 com um faturamento bruto total (com impostos e sem eliminação de vendas entre controladas) de R$ 10,2 bilhões, uma alta de 60% em relação aos R$ 6,4 bilhões de 2011. O plano inclui expansões das unidades atuais, aquisições nos segmentos em que a empresa já opera e estudos para a instalação de uma fábrica de equipamentos para a indústria de óleo e gás.
 
Conforme o diretor corporativo de relações com investidores do conglomerado, Astor Schmitt, o projeto prevê ainda a ampliação da participação do mercado externo sobre a receita líquida consolidada de 11% para 25% no período. A alta virá com aumento das exportações do Brasil e o crescimento "progressivo" da base de produção no exterior, explicou o executivo. O grupo estima chegar ao fim de 2016 com 15,5 mil funcionários, ante os atuais 12,6 mil.
 
O pacote desdobra-se em R$ 1 bilhão para expansão orgânica no Rio Grande do Sul, R$ 500 milhões para ampliações das unidades de Chapecó (SC), Guarulhos (SP), Argentina, Estados Unidos e China (as duas últimas da controlada Fras-le) e R$ 500 milhões para capital de giro. Outros R$ 500 milhões estão reservados para aquisições, joint ventures, novas unidades e novos negócios.
 
Schmitt explicou que 60% dos recursos virão do caixa próprio e 40% serão obtidos por intermédio de linhas de financiamento internas e externas de longo prazo e incentivos fiscais. O grupo, que fabrica reboques e semirreboques rodoviários, vagões, autopeças e veículos especiais, também avalia recorrer ao mercado de capitais, com emissão de debêntures ou bônus, mas ainda não há definição a respeito.
 
Segundo o executivo, os estudos para ingresso no segmento de óleo e gás levam em conta as possíveis "sinergias" da cadeia de suprimentos que já atende o grupo. O diretor-presidente do conglomerado, David Randon, explicou que neste caso a hipótese mais provável é a construção a partir do zero de uma fábrica de equipamentos como tanques e tubos. "Mas ainda estamos estudando porque é um setor que depende basicamente de um só cliente, a Petrobras ", comentou.
 
No segmento de autopeças, além de ampliar as operações da Fras-le (de lonas e pastilhas de freios) no exterior, a Randon planeja aumentar as exportações para a Europa e admite novas aquisições ou implantar novas unidades, assim como já ocorreu com as unidades da controlada nos EUA, incorporada em 2008, e na China, inaugurada em 2009. "Na Ásia queremos vender materiais de fricção (lonas e pastilhas) para as montadoras e aumentar os negócios na reposição", disse Schmitt.
 
Na linha de implementos, a estratégia será reforçar as operações na América Latina e na África, disse David Randon. Com fábrica própria na Argentina e parcerias com distribuidores na Argélia, Egito e Quênia para montagem local de reboques e semirreboques exportados do Brasil, o grupo estuda aquisições nos dois continentes. A vantagem de comprar uma operação pronta é levar junto a rede de assistência técnica, mas também é preciso considerar os passivos das empresas, explicou o executivo.
 
Entre investimentos fixos e capital de giro, as operações da Randon no Rio Grande do Sul receberão aportes de R$ 1,1 bilhão. Conforme o governador Tarso Genro, os contatos do grupo com o governo iniciaram ainda antes da posse, em janeiro do ano passado, e as negociações sobre os incentivos fiscais se estenderam até agora. Ele afirmou que o plano anunciado ontem é "estratégico" dentro do programa de desenvolvimento industrial do Estado.
 
Por conta disto, conforme o secretário estadual do Desenvolvimento, Mauro Knijnik, a Randon receberá incentivos fiscais que incluem financiamento de 100% do projeto mediante a redução do recolhimento do ICMS gerado pelos novos empreendimentos por até 12 anos. O prazo para pagamento do débito será igual ao da fruição do benefício, após carência de até cinco anos e juros de até 4% ao ano, mais correção. O grupo também receberá um desconto máximo de 15% na quitação das parcelas.

(Valor)

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