Revitalização da Zona Portuária impulsiona mercado imobiliário

Metro quadrado na região teve reajuste de 300% em uma década.

De patinho feio do mercado imobiliário do Rio, onde quase ninguém cogitava construir há dez anos, a Zona Portuária começou a dar sinais de transformação. A busca por imóveis na área vem impulsionando os valores do metro quadrado construído, numa variação de até 600% em uma década, dependendo da região. Segundo corretores, em alguns trechos, como as imediações da Praça Mauá e do Morro da Conceição, o metro quadrado comercial em prédios novos já alcançou o patamar de R$ 14 mil. Há dez anos, o mesmo metro quadrado valia R$ 3,5 mil, um reajuste de 300% no período.

Os valores já são maiores do que os praticados na Barra da Tijuca e em Copacabana, onde o metro quadrado comercial em prédios novos fica entre R$12 mil e R$ 13,5 mil respectivamente. Nesse trecho do porto, cujos limites geográficos se confundem com o Centro do Rio, o valor do metro quadrado em edifícios antigos, para retrofit, também teve variação substancial: de R$ 1 mil para até R$ 4,75 mil, um aumento de 375% na década.
 
O estudo de preços foi feito pela Sérgio Castro Imóveis, que mudou sua sede para a Rua Sacadura Cabral, a reboque da expectativa de renovação da região. Os números são parecidos, com pequenas variações, às estimativas feitas para a região pelo presidente da Patrimóvel, Rubem Vasconcellos. Na fonte de toda a renovação, dizem os especialistas, estão não apenas o projeto Porto Maravilha, mas também o crescimento dos setores de petróleo e gás e telecomunicações no Rio e o aumento da sensação de segurança na cidade, trazida pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
 
— Na Rua do Acre e outras próximas, já há pelo menos cinco prédios sendo construídos. A retomada do interesse das empresas no Rio, a transformação da cidade em pólo de telecomunicações e petróleo e a sensação de segurança pesaram muito — diz Cláudio Castro, da Sérgio Castro Imóveis.
 
Já na região das avenidas Venezuela e Barão de Teffé, e a Rua Sacadura Cabral, onde as obras do Porto Maravilha já estão mais adiantadas, os prédios antigos da área foram os que tiveram a maior variação percentual, nas contas dos corretores. Enquanto há dez anos o metro quadrado comercial em prédios antigos valia cerca de R$ 500, hoje ele tem variado até R$ 3 mil. O metro quadrado em prédios novos já estaria sendo negociado por até R$ 11 mil. A área vem sendo chamada de “quase futuro”, por ser o ponto da Zona Portuária onde as obras de revitalização estão praticamente prontas. Somente a Sérgio Castro Imóveis já vendeu, em quatro anos, 133 sobrados na Sacadura Cabral e adjacências.
 
— Vendo a obra, o investidor acredita mais para aplicar o dinheiro. A Barão de Teffé tem sido considerada a menina dos olhos do mercado porque tem potencial de virar uma nova Avenida Nilo Peçanha, hoje considerada pelos investidores a melhor rua do Centro, onde o metro quadrado custa até R$ 19 mil. Na Sacadura Cabral, a aposta é por um futuro de comércio de rua, uma vez que o casario ali é histórico e o gabarito é de três andares — completa Claudio Castro.
 
No entorno do Morro da Providência e toda a região aos fundos da Central do Brasil, considerada a parcela da Zona Portuária em piores condições urbanísticas e sociais, o metro quadrado em prédios novos subiu de R$ 500 há dez anos para cerca de R$ 1,2 mil (240% de aumento). Já o metro quadrado em prédios novos estaria valendo até R$ 6 mil.
 
Na região da Gamboa, do Santo Cristo e do entorno do Morro do Pinto, que inclui ruas como a do Livramento, da Gamboa e Equador, o metro quadrado em prédios novos estaria avaliado em até R$ 10 mil. Já nos imóveis antigos para retrofit estariam orçados em R$ 1,5 a R$ 2,5 mil. Há dez anos, o metro quadrado em edifícios antigos nessa região não valia mais que R$ 500, segundo corretores.

(Isabela Bastos | O Globo)
 

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