RHI terá fábrica de refratários no Brasil

A austríaca RHI , segunda maior produtora de refratários do mundo, anuncia hoje, no Rio, a construção da sua primeira plataforma de produção no Brasil. A multinacional vai competir com a brasileira Magnesita, terceira maior no ranking global do setor e detentora de 70% do mercado nacional de refratários, um mineral não metálico usado pela indústria do aço e do cimento para revestir alto-fornos, aciarias, fornos elétricos e coquerias, dentre outros. O mercado global do produto movimenta US$ 25 bilhões e a líder é a italiana Vesuvius.

Franz Struzl, presidente executivo da RHI, em entrevista ao Valor, disse que serão investidos inicialmente € 85 milhões (R$ 200 milhões) na fábrica que será erguida no Distrito de Queimados, no Estado do Rio de Janeiro. Na primeira fase do projeto, que deve entrar em operação no terceiro trimestre de 2013, serão produzidas 60 mil toneladas de refratários, das quais metade irá suprir o mercado doméstico e metade será vendida para outros países da América Latina. A meta, segundo Struzl, é chegar a uma produção local de 100 mil toneladas anuais nos próximos cinco anos. A matéria-prima será fornecida por minas que a companhia tem na Turquia e na Áustria.

A estratégia da RHI é aumentar o processo de verticalização da empresa e expandir-se nos países dos BRICS e emergentes, onde o potencial de crescimento é grande. Atualmente, a multinacional tem 32 fabricas -desse número, 22 estão concentradas na Europa, onde fica sua sede. Na China, a RHI possui quatro unidades de produção, duas nos EUA, duas no México, uma no Canadá e uma na Rússia

Hoje, apenas 35% da produção é atendida por matéria-prima própria. "Queremos chegar a 80% nos próximos três a cinco anos", informou o executivo. Mas não há planos de adquirir minas de magnesita e de dolomita no Brasil.

Segundo Struzl, que viveu sete anos no Brasil presidindo a Villares Metals, a escolha do local da nova fábrica foi feita com base na expectativa de forte expansão da siderurgia brasileira. O setor é o mercado alvo da RHI. "Conheço bem o mercado de aço local, pois fui vice-presidente do IABr [Instituto Aço Brasil]. A entidade projeta produção de 70 milhões de toneladas de aço no país em 2020. Hoje, a capacidade instalada está perto de 50 milhões de toneladas, o que torna crucial nossa vinda".

Ele prevê ainda um avanço forte no consumo per capita de aço no Brasil. "Quando cheguei aqui, em 2004, era de 100 quilos. Agora está em 152. Acredito que o crescimento da economia brasileira nos próximos anos vai aproximar este consumo do padrão europeu, de 500 quilos, o que nos animou ainda mais ainda a estar aqui", disse.

A RHI, que tem escritório em Belo Horizonte há 40 anos e que agora está sendo transferido para o Rio, abocanhou nesse período 16% de participação do mercado brasileiro. Com a instalação da fábrica em Queimados, os planos da multinacional são de quase dobrar a presença no mercado doméstico de refratários, saltando para 30% até 2016. Não há nenhum esquema agressivo de disputa com a Magnesita. "Basta acompanharmos o crescimento do mercado e chegaremos lá".

Dois terços desse percentual será disputado no mercado siderúrgico, onde a RHI quer garantir fornecimento de produtos e de serviços ás usinas locais. A ideia é também diversificar buscando clientela no setor de cimento. A empresa já conta com clientes no país como a Votorantim, ThyssenKrupp CSA e ArcelorMittal, dentre outras. A ArcelorMittal é sua maior cliente no mundo.

Do total de ações da companhia, negociadas na Bolsa de Viena, 25% pertencem ao MS Private Foundation, da Áustria, 10% ao FEWI Beteiligungsgesellschaft, da Alemanha, e 5% ao Raiffeisen Bank International AG, da Áustria. Os restantes 60% estão no mercado.

Em 2010, a RHI faturou € 1,2 bilhão e este ano a previsão de Struzl é de crescer um pouco mais a receita da companhia, mas evitou fazer projeções. No primeiro semestre de 2011, a receita da empresa atingiu € 850,9 milhões, ante € 740,7 milhões no mesmo período de 2010. O fluxo de caixa operacional líquido da RHI, até junho, somava € 29,1 milhões.

(Vera Saavedra Durão | Valor)
 

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