Roland Berger planeja dobrar de tamanho no mercado brasileiro

A conversa com os executivos no escritório da Roland Berger em São Paulo foi em português, mas com sotaque lusitano. A multinacional alemã de consultoria em estratégia de gestão empresarial planeja dobrar, em três anos, o número de consultores baseados no Brasil. Para atuar na missão, o português António Bernardo, vice-CEO da companhia e presidente das operações na América do Sul, estima passar 40% do tempo em território nacional, o que mostra a importância dada ao Brasil no plano. Na visita que termina hoje, ele encontrou até cinco presidentes de companhias brasileiras ao dia, junto com o compatriota António Farinha – que comanda a subsidiária brasileira e está há dez anos no país.

O plano de expansão atual da consultoria alemã, criada em 1967 e presente em 30 países, está focado nos mercados emergentes. "Estamos apostando no crescimento acelerado da América Latina e do Sudeste Asiático", diz Bernardo. A subsidiária brasileira está entre as dez maiores da multinacional, que teve faturamento global de US$ 1 bilhão em 2010. A projeção da empresa é crescer 30% ao ano. No Brasil, os 60 consultores que trabalham no escritório respondem por um faturamento médio anual de R$ 1 milhão cada um.

Além de ampliar o número de consultores, a Roland Berger também quer dobrar o quadro de sócios para reforçar sua presença em alguns setores. "Há setores novos em pleno crescimento no Brasil, nos quais nossa presença precisa ser forte, como transportes, infraestrutura e produtos de varejo", diz Bernardo. A consultoria também procura aumentar sua atuação junto a empresas de energia, serviços financeiros e telecomunicações. Atualmente são cinco sócios no país – dois deles brasileiros. No mundo, são 200. Para atingir esse nível, porém, leva-se cerca de dez anos, afirma Bernardo. Ele está na companhia há 22 anos; Farinha, há 16.

Depois de São Paulo, onde fica sua maior clientela, os negócios do grupo estão em expansão principalmente no Estado do Rio de Janeiro e em Belo Horizonte (MG). O Espírito Santo também figura como mercado promissor, principalmente nos setores de energia e siderurgia. "Estamos identificando oportunidades de desenvolvimento", afirma Bernardo.

O projeto de expansão no Brasil tem três focos: recrutamento e treinamento de consultores e envolvimento de outras filiais nas ações. A empresa está procurando equipes para integrar seu time em empresas de serviços financeiros, de finanças corporativas e em indústrias. A busca, porém, não se limita ao mercado – universitários das melhores escolas de engenharia e administração do país também participam de rigorosa seleção.

O aumento da equipe vem suprir uma demanda tanto de empresas brasileiras como de clientes de fora que querem entrar no Brasil, provenientes de países como Alemanha, China, Espanha, França e Estados Unidos. Segundo Farinha, o número de clientes do exterior aumentou significativamente nos últimos dois anos, chegando a representar 30% do portfólio do escritório brasileiro. "Queremos aproveitar esse momento para um crescimento rápido no país", argumenta.

(Adriana Meyge l Valor)

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