Rossi vê cenário melhor à frente, cria 2 novas empresas

Após surpreender o mercado com prejuízo no segundo trimestre, a Rossi Residencial apresentou nesta quarta-feira um cenário mais favorável à frente, apoiado na contínua estratégia de reorganizar suas operações e no lançamento de duas novas unidades de negócio.

“Estamos otimistas, projetando anos promissores para o setor e para a empresa”, afirmou o presidente-executivo da Rossi, Leonardo Diniz, em teleconferência com analistas. “Miramos lá na frente uma empresa muito melhor”.

A visão otimista se apoia na estratégia adotada para melhorar a rentabilidade da companhia por meio de um programa de redução despesas gerais e administrativas já em andamento, atuação concentrada em regiões metropolitanas mais atrativas e redução da participação de parceiros em projetos.

“Estamos confiantes de que a estratégia é correta para ter melhoria operacional e rentabilidade no futuro”, acrescentou.

A Rossi contabilizou um ajuste de custos de 51 milhões de reais no segundo trimestre, decorrente principalmente de empreendimentos de baixa renda que apresentaram diferenças quanto aos valores orçados.

Além disso, a companhia teve de reconhecer cerca de 460 milhões de reais em direito de regresso, em função de atrasos na entrega de imóveis.

Segundo o vice-presidente financeiro da Rossi, Cássio Audi, as entregas vêm sendo atrasadas não apenas pela demora para obtenção do “Habite-se” (documento liberado por prefeituras que permite a ocupação de um imóvel) mas também pela lentidão dos cartórios de registro de imóveis, cujos prazos chegam a ser duas ou três vezes maiores.

“Esse valor vai ser eliminado junto com os repasses… conforme as unidades de baixa renda forem sendo entregues, esse percentual vai diminuir… temos projetos de margens melhores”, disse Audi. Ele não descartou, entretanto, a possibilidade de novos impactos no futuro. “Hoje essa é a melhor informação que temos”.

Os atrasos nas entregas também ajudaram o salto no consumo de caixa entre abril e junho, que totalizou 273 milhões de reais, contra 104 milhões no primeiro trimestre deste ano.

NOVAS UNIDADES

Também nesta quarta-feira, a Rossi anunciou a criação de duas novas unidades de negócio com o objetivo de “gerar valor para a companhia”, de acordo com os executivos.

A Rossi Commercial Properties (RCP) será voltada à incorporação de shoppings regionais, de vizinhança e centros de conveniência no Brasil.

Com 17 projetos em análise em nove Estados e área bruta locável (ABL) total de 169 mil metros quadrados, a empresa terá acesso ao banco de terrenos da Rossi Residencial. A nova companhia também conta com linha de financiamento assegurada de 750 milhões de reais pré-aprovados.

Já a Rossi Urbanizadora será destinada ao desenvolvimento de loteamentos, com banco de terrenos próprio de 19,3 mil metros quadrados.

“Estamos buscando parceiros estratégicos e/ou financeiros para as duas iniciativas… os trabalhos estão bem avançados”, disse Audi, que acumulará sua atual função com o comando da RCP. Para a Urbanizadora, a Rossi ainda está em busca de um executivo dentro da própria companhia.

PREJUÍZO INESPERADO

Os ajustes e reconhecimentos de custos realizados levaram a Rossi a fechar o segundo trimestre com prejuízo líquido de 9,1 milhões de reais, revertendo resultado positivo de 84,56 milhões de reais um ano antes.

A média de seis previsões obtidas pela Reuters junto a analistas apontava lucro de 61,1 milhões de reais para a companhia no período.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou 90 milhões de reais, queda de 38 por cento na comparação anual. A margem caiu de 19 para 13 por cento.

Os resultados apresentados são preliminares, pois ainda estão em processo de auditoria, visto que a empresa mudou os auditores.

A Rossi que havia revisado em maio a meta de lançamentos do ano para 16 mil a 18 mil unidades encerrou o primeiro semestre com lançamentos de 1,1 bilhão de reais (sem considerar parceiros), atingindo 42 por cento do ponto mínimo da estimativa de lançar entre 2,5 bilhões e 3,2 bilhões de reais em 2012.

Enquanto isso, as vendas contratadas entre abril e junho somaram 890 milhões de reais, recuo de 21 por cento ano a ano. Deste total, 74 por cento correspondeu a venda de estoques.

Com isso, a receita operacional líquida caiu 6,4 por cento sobre o segundo trimestre de 2011, para 703,9 milhões de reais.

(Vivian Pereira | Reuters)

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