Sandisk elege Brasil para abrir fábrica de pen drive
A Sandisk, fabricante americana de dispositivos de memória, inaugura hoje uma fábrica de pen drives em Londrina, no Paraná. A unidade é fruto de uma joint venture entre a companhia americana e a brasileira TMT Memory Group, que atua há 20 anos no mercado de memórias, fabricando para terceiros.
Juntas, as companhias formaram uma joint venture para administrar a fábrica. As empresas não divulgam a participação de cada uma no empreendimento. A unidade foi instalada em uma área de 100 mil metros quadrados, doada pela Prefeitura de Londrina, próxima ao campus da Universidade Tecnológica Federal (UTFPR).
"Buscamos um parceiro local que conhecesse melhor a regulamentação brasileira para realizar o projeto mais rapidamente", afirma José Roberto Santos, diretor da Sandisk e responsável pela subsidiária brasileira.
A fábrica ocupa 1,5 mil metros quadrados e emprega 120 pessoas. A unidade tem capacidade para a montagem de 1 milhão de pen drives por mês e pode ser expandida para 3 milhões de unidades, com a adição de novos turnos de trabalho. "A instalação de uma fábrica maior dependerá do volume de vendas que alcançarmos", afirma Santos.
O projeto da Sandisk, que foi elaborado durante mais de um ano, prevê a instalação de uma nova unidade fabril – dessa vez, sem associação com empresas locais – de 10 mil metros quadrados, que empregará 1,5 mil pessoas. O investimento total estimado para o complexo industrial é de R$ 80 milhões, sendo que R$ 50 milhões serão gastos na construção das fábricas e o restante será investido na aquisição de equipamentos. O investimento já feito pela Sandisk é de US$ 2,5 milhões.
A unidade começa a operar com a fabricação de um modelo de pen drive com capacidades de memória de 4 gigabytes (GB) e 8 GB. A partir de 2012, a Sandisk deve iniciar a fabricação de sua linha completa, composta por oito modelos de pen drive, com capacidades que variam de 2 GB a 128 GB de memória, além de cartões de memória, discos rígidos de estado sólido (SSD), memória para câmeras fotográficas e celulares.
Essa é a primeira fábrica que a Sandisk instala fora do eixo Estados Unidos-Ásia e faz parte da estratégia que a companhia traçou em 2009 para expandir suas operações nos países emergentes que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
Até então, a Sandisk tinha quatro fábricas no Japão, montadas em um sistema de joint venture com a Toshiba, no qual a japonesa detém 50,1% de participação nas operações e a americana, 49,9%. Em julho, a companhia anunciou a abertura da quinta fábrica de memórias, em parceria com a Toshiba, dessa vez em Mie, no Japão.
Na China, a Sandisk também tem duas unidades fabris para a montagem dos dispositivos de memória. A fábrica brasileira é similar à da China. Os componentes são importados do Japão e a unidade concentra-se apenas na montagem dos pen drives.
Santos observa que a Sandisk começou a operar no Brasil em 2008 e, desde então, tem dobrado a receita com vendas no país, sendo a operação que mais cresce entre os Bric. "Como as vendas na América Latina também crescem muito, a uma taxa anual de 60%, a empresa optou por montar a fábrica no Brasil", afirma o diretor.
Os custos de produção no Brasil são mais altos do que em países vizinhos, como Argentina e Colômbia, afirma Santos. No entanto, o Brasil responde por aproximadamente 50% do consumo de memórias na região.
Além disso, o Brasil mantém acordos comerciais que tornam a entrada do produto nos países vizinhos mais barata do que a importação diretamente da Ásia, afirma o executivo. "Com a fabricação local, temos um desconto tributário de 31% referente ao Imposto de Importação e ao IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]", diz Santos.
A meta da Sandisk é iniciar as exportações a partir do Brasil em 2012, começando pelos mercados da Argentina, do Chile e do Uruguai. Nos primeiros nove meses do ano fiscal 2011, a empresa registrou queda de 13,4% no lucro líquido, para US$ 705,77 milhões. A receita líquida cresceu 16,7% no período, para US$ 4,09 bilhões. A companhia não detalha resultados por país.
(Cibelle Bouças | Valor)
