São Martinho compra 32% da Santa Cruz

O grupo sucroalcooleiro São Martinho anunciou um significativo passo na difícil meta de crescer sua moagem de cana-de-açúcar em um Estado já inundado por usinas ávidas pela matéria-prima, como São Paulo.

Comprou por R$ 187,4 milhões uma participação de 32,18% das ações da Santa Cruz Açúcar e Álcool e de 17,97% da ações da Agropecuária Boa Vista, ambas localizadas em Américo Brasiliense, a 50 quilômetros da maior usina do grupo, a São Martinho, de Pradópolis (SP). Como a Santa Cruz tem ações da Boa Vista, a São Martinho passou a deter uma participação total (direta e indireta) de 32,52% na agropecuária.

O valor atribuído a 32,18% das ações da Santa Cruz (desconsiderando a participação acionária na Boa Vista) foi de R$ 55 milhões.

Com a operação, a São Martinho elevou em cerca de 1,5 milhão de toneladas sua capacidade de moagem em São Paulo, um caminho já percorrido no objetivo de agregar de 5 milhões a 6 milhões de toneladas a sua moagem paulista nos próximos anos. "Nosso desafio é que crescer em São Paulo significa aquisições e não é possível determinar o tempo em que isso vai acontecer", diz o presidente da companhia, Fábio Venturelli.

As negociações começaram em meados de outubro e foram finalizadas e aprovadas pelo conselho de administração da companhia ontem, conta Venturelli, para quem a aquisição foi um negócio estratégico.

A Santa Cruz tem capacidade para moer 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra e uma flexibilidade industrial que permite durante a safra destinar até 60% do caldo da cana para produzir açúcar ou etanol.

A unidade também tem cogeração de 240 mil megawatts hora (MWh), dos quais 175 mil MWh já foram vendidos em contratos de 15 anos ao valor de R$ 169 por MWh.

A usina tem 90% de cana própria, sendo 42% em terras próprias. A receita bruta da empresa na última safra foi de R$ 480 milhões e a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de 47,6%. A relação de dívida líquida com Ebitda da Santa Cruz é de 2,2 vezes, segundo comunicado da São Martinho. A Santa Cruz tem endividamento líquido de R$ 519 milhões.

A participação será paga em três parcelas – uma entrada, outra em 12 meses e a terceira em 24 meses – sem correção monetária. "Isso significa que a valor presente líquido, essa participação equivaleu a R$ 170 milhões, algo como US$ 89 por tonelada instalada de capacidade. Se for deduzido o contrato de energia, o valor cai para US$ 69 por tonelada", diz Venturelli, destacando a atratividade do negócio.

O valor pago pelas ações da agropecuária equivaleu a R$ 50 mil o alqueire (2,42 hectares). "Só como base de comparação, as terras da São Martinho foram reavaliadas no último balanço em R$ 84,7 mil o alqueire", diz.

A São Martinho e a Luiz Ometto Participações, controladora das duas empresas negociadas, também firmaram acordo por meio do qual se definiu que os acionistas terão direito de preferência na aquisição das ações dos outros acionistas em caso de interesse de venda.

Além disso, caso a São Martinho venha a adquirir o controle da Santa Cruz, a companhia poderá usar as ações da agropecuária como moeda de troca (a valor de mercado) no pagamento.

Em Goiás, o grupo tem joint venture com a Petrobras Biocombustíveis na Nova Fronteira Bioenergia, que tem uma usina em Goiás que está sendo ampliada de 3 milhões para 8 milhões de toneladas em 2014/15, com produção exclusivamente de etanol.

(Fabiana Batista | Valor)

+ posts

Share this post