SAP exporta inteligência “Made in Brazil”

Soluções desenvolvidas no país, como o software para integrar o sistema de gestão com a nota fiscal eletrônica, chegam ao exterior.

Com um ano de existência, o laboratório de co-inovação da companhia alemã de software SAP no Brasil começa a render frutos para a operação global da empresa.

O projeto, que teve investimento de cerca de R$ 2,5 milhões no ano passado, agora exporta soluções para o mundo por conta da necessidade de atender regulamentações brasileiras como a nota fiscal eletrônica, que exigiu da SAP inovações que ainda não são exigidas em outros países, segundo conta Frederic Laluyaux, vice-presidente global da SAP, responsável pela área financeira.

"A nota fiscal eletrônica nos forçou a realmente integrar esse sistema com as aplicações financeiras, o sistema de gestão, e esse nível de integração é algo que agora estamos levando globalmente", diz o executivo.

O movimento faz parte da estratégia da SAP de trazer a empresa para mais perto dos clientes no Brasil.

Nas palavras de Laluyaux, "atuar como uma companhia local". Por aqui, a brasileira Totvs é líder de mercado de sistemas de gestão (ERP), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.

Os softwares da Totvs, SAP e Oracle, nesta ordem, têm juntos 82% do mercado. A SAP, no entanto, está em 50% das maiores empresas, enquanto a Totvs lidera o segmento dos clientes de menor porte, com até 150 computadores, com 54% do mercado.

O interesse de empresas pequenas nacionais por processos de abertura de capital ou internacionalização estão atraindo as pequenas para a SAP, segundo o executivo.

O Brasil se tornou o terceiro maior mercado para a SAP no ano passado. Já esperava que isso fosse acontecer?

Nós sempre dissemos que o Brasil chegaria a ser o terceiro maior mercado para a SAP em 2012, e isso aconteceu em 2010, para se ter uma ideia de quão rápido está o crescimento. E não é porque os Estados Unidos e Europa não estão indo muito bem, é essencialmente porque o Brasil foi mais forte.

Eu não acho que a diferença entre os três primeiros colocados, Estados Unidos, Alemanha e Brasil, seja grande. Suspeito que estejam bem perto em termos de receita.

Como o Brasil tem contribuído para a operação global?

Fatores como a Nota Fiscal Eletrônica, por exemplo, colocaram o Brasil a frente do jogo tecnológico. Isso força a SAP a ser adaptada ao mercado brasileiro e também a inovar. Algumas das inovações que vemos no mercado brasileiro, como esta, estamos começando a levar para fora daqui.

Por exemplo, um grande fabricante de carros, que lida com muitos fornecedores, precisa de uma melhor integração com os documentos eletrônicos, mesmo que o governo não esteja no meio disso. Por isso essa tecnologia está sendo usada no mundo todo.

Que outros fatores têm impulsionado o crescimento local?

Os mercados emergentes como Brasil India e China estão crescendo muito rápido, e o interessante é que os investimentos estão sendo feitos não só pelas grandes empresas mas também pelas pequenas.

Elas estão indo para o mercado financeiro para conseguir capital para crescer mais rápido e, para isso, procuram por sistemas de gestão. As empresas brasileiras que querem expandir globalmente e precisam de um software têm de se assegurar de que há uma linguagem comum entre os sistemas de outros países.

Essa rede global é a estratégia da SAP para se destacar em meio a competidores locais, como a Totvs?

Eu gostaria que as pessoas pensassem que a SAP é uma empresa local no Brasil. Somos uma empresa global, mas aqui somos uma empresa local, e nos Estados Unidos somos uma empresa local, assim como nos outros países. Aqui há co-inovação, laboratório de pesquisas com 500 funcionários, então não somos mais simplesmente uma empresa estrangeira tentando vender algo no Brasil.

Talvez tenha sido assim dez ou quinze anos atrás, mas as coisas mudaram muito. O que fazemos que normalmente os competidores locais não fazem é nossa rede global.

Se a empresa quer saber das regulamentações em outros países por conta de um negócio global, ou se quer fazer negócios com clientes em outros lugares do mundo, nós temos o sistema para isso. Isso atrai quem quer expandir globalmente.

(Carolina Pereira l Brasil Econômico)
 

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