SAP vira o jogo com pequenos usuários

Fabricante deixa de ser sinônimo de software caro e conquista companhias de menor porte no país; próximo desafio é crescer com mobilidade e computação na nuvem.

No segundo trimestre do ano, as vendas de software da SAP para pequenas e médias empresas cresceram 30% no Brasil, na comparação com igual período de 2010.

O resultado é motivo de comemoração para a empresa alemã, que oferece sistemas de gestão corporativa, porque seus produtos sempre foram considerados caros e de difícil implementação e, por isso, vistos como inacessíveis por esse público.

"Há dez anos isso era verdade e vejo como natural, porque chegamos no mercado pelas grandes companhias. Mas hoje não é mais verdade. A realidade é melhor que a percepção. Pequenos e médios clientes nos dizem que é mais fácil do que pensavam", diz Luís César Verdi, presidente da SAP no Brasil.

A subsidiária brasileira é a terceira maior da SAP em receita de software, atrás apenas de Estados Unidos e Alemanha. No segundo trimestre, o faturamento da companhia com software totalizou € 802 milhões em todo o mundo, o que representa alta de 26% ante a mesma época de 2010.

A receita total no período, incluindo suporte e serviços relacionados a software, atingiu € 3,3 bilhões e, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 14%. O lucro depois de impostos chegou a € 588 milhões – 25% superior a igual período de 2010.

O desempenho deve-se, de acordo com Verdi, à estratégia adotada pela companhia há aproximadamente um ano e meio, quando houve uma grande mudança no comando da SAP. Leo Apotheker, atual presidente da HP, deixou a liderança da empresa e a SAP passou a ter dois copresidentes: Bill McDermott e Jim Hagemann Snabe.

"Fizemos apostas estratégicas em inovação e houve mudanças no estilo de gestão, com a descentralização da companhia", afirma Luís César Verdi.

Como efeito, as subsidiárias ganharam autonomia, encurtando o ciclo de tomada de decisão e de aprovação de ações locais. "No caso do Brasil, um país grande e distante da nossa matriz, na Alemanha, isso foi muito importante para agilizar a tomada de decisão para atender demandas do mercado", conta Verdi.

Em 2009, o Brasil ganhou evidência no projeto global da SAP, que traçou um plano para triplicar o faturamento da unidade entre 2010 e 2014.

A estratégia da SAP é focada exclusivamente em software e é distinta da adotada pela rival Oracle. Mas Verdi diz que a companhia alemã também tem soluções completas caso o cliente exija.

A nova fase da SAP tem três pilares. O primeiro é avançar no mercado de mobilidade, o que levou à aquisição da Sybase, em 2010, por US$ 5,8 bilhões. Outro pilar é computação em memória, com a oferta de produtos que permitem às empresas tomar decisões de negócios com base em análises de grande volume de informações em tempo real.

O terceiro pilar é computação em nuvem. Neste caso, a SAP aposta na oferta de aplicações de nicho, como software que mede emissões de carbono, e no lançamento de um software de gestão empresarial – conhecidos no mercado como ERP – para pequenos e médios negócios. O produto chega ao Brasil no próximo ano.

A SAP sempre foi reconhecida por seu ERP, mas hoje mais da metade da receita global vem de outros produtos, como aplicações de inteligência de negócios e de gestão de risco. "Não queremos abrir mão de ser sinônimo de ERP, mas não queremos ser só isso", afirma Verdi.

A SAP ganhou fôlego no segmento de sistemas de inteligência de negócios ao comprar a Business Objects, em 2007, por US$ 6,8 bilhões.

"Foi um grande negócio, porque nos deu entrada em um novo segmento e ajudou nossos clientes a obter mais valor do nosso ERP", explica. Para ele, a história vai se repetir com a Sybase e o avanço da importância da mobilidade no mundo corporativo.

"Mobilidade não é modismo, é facilidade e conveniência e combina com a atividade corporativa", avalia.

(Fabiana Monte l Brasil Econômico)

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