Sara Lee inicia operação de unidade na Bahia e ganha força no Nordeste

Com a abertura de uma fábrica em Salvador, a multinacional americana Sara Lee, dona da marca de café Pilão, começa a pôr em prática hoje seu plano de crescimento na região Nordeste, onde tem participação considerada pequena.

Líder no mercado nacional com pouco mais de 22% das vendas, segundo números da Nielsen, a empresa ainda apresenta um desequilíbrio regional muito acentuado: enquanto abocanha quase 30% do mercado do Centro-Sul, a fatia no Nordeste é bem menor, na casa de 9%. "Nosso objetivo é equilibrar essa conta nos próximos anos", disse ao Valor o diretor de marketing da Sara Lee, Ricardo Souza.

A entrada em operação da fábrica baiana é, na verdade, uma reinauguração. A unidade, que estava desativada, foi adquirida em novembro do ano passado, quando a Sara Lee anunciou a compra da Café Damasco, em um negócio de R$ 100 milhões.

A capacidade inicial de produção será de 20 mil toneladas por ano, volume que poderá ser dobrado a depender do comportamento das vendas na região, quem tem como líder a empresa 3Corações, com cerca de 30% do mercado, e também principal concorrente nacional da Sara Lee, ocupando a segunda colocação no ranking da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Souza informou que a Sara Lee está discutindo com produtores baianos o modelo de fornecimento de café para a fábrica de Salvador. A ideia é que a unidade seja totalmente abastecida com produto local, porém foi identificada uma necessidade de incremento da oferta do café do tipo robusta na Bahia. Por esse motivo, inicialmente também será adquirido o produto vindo de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.

Além da maior proximidade com o mercado consumidor do Nordeste, com consequente redução de custos logísticos, a produção na Bahia será beneficiada por incentivos fiscais específicos para a indústria da região, como ICMS, PIS e Cofins menores. A expectativa é de que o ganho de produtividade proporcione maior fôlego financeiro para investimentos na expansão das marcas pelo Nordeste, onde a operação ainda gera resultados negativos.

Em um primeiro momento, informou Souza, os investimentos em divulgação serão mais concentrados na Bahia, onde está a maior população do Nordeste. Em seguida, a estratégia é focar os Estados localizados mais ao norte, casos de Maranhão, Piauí e Ceará. A meta é reforçar a presença das grifes Pilão e Caboclo, que já estão presentes na região. "Queremos massificar essas marcas por meio de um plano gradativo e de longo prazo", afirmou o executivo.

Também faz parte dos planos para o Nordeste a expansão dos serviços de food service da empresa, hoje concentrados em São Paulo. A Sara Lee quer estender para as capitais nordestinas as parcerias que tem com cerca de 120 padarias paulistanas, pela qual é oferecido o café Pilão Expresso. Está prevista ainda a abertura de cafeterias próprias, como já foi feito em projeto piloto, também em São Paulo.

Souza conta que o plano de crescimento da Sara Lee no Brasil continua considerando a possibilidade de aquisições, visto que o país ainda tem sua produção bastante pulverizada, com mais de 1,2 mil fabricantes. Ele enfatiza, no entanto, que a compra da Damasco deu maior consistência ao plano de crescimento orgânico da companhia. "As aquisições passaram a representar um complemento", garante o diretor.

(Murillo Camarotto | Valor)
 

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