Senior Solution chega ao Bovespa Mais após 4 anos

Após quatro anos de namoro, hoje a Senior Solution, fabricante de softwares e prestadora de serviços de TI para instituições financeiras, adere ao Bovespa Mais, o mercado de acesso da bolsa paulista.
 
A operação foi abortada em 2008, em função da crise financeira global. Neste momento, no entanto, a empresa não fará uma oferta pública de ações.
 
"Resolvemos quebrar o processo em duas etapas. Primeiro construiremos um relacionamento com o mercado. Em um segundo momento, faremos uma captação, ainda sem data definida", diz Bernardo Gomes, presidente da Senior Solution.
 
Para continuar com o plano de ser uma consolidadora em seu segmento, a empresa precisa levantar recursos, mas o executivo aposta que a transparência de companhia aberta poderá ser um facilitador também para parcerias via colocações privadas.
 
A empresa iniciou seu processo de crescimento via aquisições em 2005, quando conquistou dois sócios, BNDESPar e o fundo de participações Stratus, que injetaram R$ 5 milhões no negócio. De lá para cá, foram cinco aquisições. A empresa atende apenas instituições financeiras, o que não considera um limitador.
 
"O segmento financeiro é o que mais investe em TI e são clientes que querem sempre novas soluções", diz Gomes.
 
Nos últimos anos, a companhia tem crescido, em média 28% ao ano; em 2011 faturou R$ 43 milhões, com mais de 130 clientes entre bancos, gestoras de recursos, seguradoras, corretoras e companhias de grande porte que tenham tesourarias bastante atuantes. Com a compra da Controlbank, em 2010, passou a agregar clientes internacionais – a consultoria presta serviços para instituições financeiras que ingressam no Brasil.
 
Gomes afirma que o setor é muito fragmentado, com mais de 100 empresas com receita entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões ao ano. Segundo ele, existem dificuldades para que estrangeiras entrem no Brasil por conta das especificidades do sistema financeiro local.
 
O BNDES tem sido uma das principais fontes de financiamento da companhia – foram dois aportes antes do ingresso como sócio e outros dois nos últimos anos.
 
Alberto Camões, diretor da Stratus, conta que o fundo decidiu investir na Senior porque três anos antes foi procurado pela companhia, que buscava apoio para desenvolver seu software. "Naquele momento não investimos, mas quando voltamos a conversar, vimos que eles tinham feito exatamente o que propuseram, o que gerou confiança no negócio", diz.
 
Gomes ressalta que quer recursos para continuar com sua estratégia: "Vamos acelerar aquisições." O executivo também diz que o fato de as concorrentes passarem a ter mais informações sobre o seu negócio não preocupa.
 
Camões observa que transparência e governança dão confiança ao mercado financeiro. "O ganho que o processo nos dá em perspectiva é muito maior do que uma eventual perda por divulgar informações à concorrência."
 
Cristiana Pereira, superintendente de relações com empresas da BM&FBovespa, diz que a bolsa tem incentivado companhias a dividir a operação em duas etapas. "Um histórico de resultados poderá facilitar futuras captações", diz.
 
Ainda que sem ofertar ações, a executiva avalia que quanto mais empresas aderirem ao segmento, maior será a vitrine de companhias que poderão atrair novos investidores. No próximo mês, a BM&FBovespa visitará países que conseguiram ter sucesso na implementação de seus mercados de acesso para trocar experiências que ajudem o segmento a decolar também no Brasil. As visitas incluem Inglaterra, Espanha, Polônia, Austrália, Coreia e China. A Senior será a terceira empresa do Bovespa Mais.

(Ana Paula Ragazzi | Valor)

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