Setin vai investir R$ 700 milhões em hotelaria

Em dezembro de 2008, o empresário Antonio Setin estava de férias com os filhos em Nova York quando recebeu um telefonema do sócio: Meu caro, nós vamos quebrar. Não temos caixa para chegar a janeiro. Oito meses depois, a incorporadora Klabin Segall, quebrada, foi vendida para a Agra, que hoje pertence à PDG. Setin curou o trauma de ter visto a empresa ruir com um sabático pela Europa. De volta ao Brasil, retornou ao mercado imobiliário e, mais recentemente, à hotelaria, ramo que o tornou conhecido na década de 90.

Hoje, ao lado da Odebrecht, a Setin é a empresa que mais tem investido em hotéis no País. A incorporadora vai aplicar R$ 700 milhões na construção de oito empreendimentos em São Paulo e na Bahia. As unidades serão lançadas até o fim de 2013 e devem gerar vendas no valor de R$ 1,3 bilhão. Dos oito hotéis, cinco são de uma bandeira da Accor que ainda não existia no Brasil. A marca Adagio difere das outras bandeiras do grupo francês por ter sido projetada para estadias mais longas de, no mínimo, quatro noites. Os quartos têm sala e cozinha, por exemplo.

Essa não é a primeira vez que Antonio Setin traz uma novidade da Accor para o Brasil. Os negócios entre as duas companhias vêm de longa data e remontam à época em que o empresário brasileiro começou a fazer seu nome no mercado da hotelaria. Foi Setin que trouxe as bandeiras Ibis e Formule 1 para o País na década de 90. Hoje, ele é o maior parceiro da Accor no mercado brasileiro.

Na indústria hoteleira, funciona assim: o incorporador localiza o terreno, negocia a área, contrata a construtora, tira o hotel do papel e vende os quartos para um grupo de investidores (ou banca tudo com recursos próprios). A operadora – no caso, a Accor – empresta sua marca e administra o empreendimento.
Entre 1996 e 2003, a empresa dele colocou no mercado 15 empreendimentos, com um total de 4 mil quartos. Era o boom da hotelaria no Brasil.Todo mundo queria investir em hotéis, na expectativa de ter uma renda gorda e garantida, disse Diogo Canteras, presidente da consultoria HotelInvest. Mas a superoferta de quartos fez a rentabilidade do setor despencar e afugentou os investidores.

Até o fim do ano passado, Setin ainda amargava um estoque de 200 unidades no Ibis de São José dos Campos. Só agora, que o mercado voltou a crescer, é que ele conseguiu desovar os quartos. É a falta de conhecimento dos investidores e a irresponsabilidade de quem desenvolve os projetos que mata o mercado, disse o empresário, sem esconder a preocupação de que a hotelaria viva de novo uma superoferta. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

(Estadão)

+ posts

Share this post