Shell deixa bloco do pré-sal em Santos

A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) e a Barra Energia anunciaram ontem a aquisição, cada uma delas, de metade da participação de 20% da Shell Brasil no bloco BM-S-8, no pré-sal da Bacia de Santos. O negócio foi fechado por US$ 350 milhões, divididos entre as compradoras.

Embora ainda dependa da aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a venda de sua parte no bloco marca a saída da Shell de projetos no pré-sal de Santos. Em nota, a empresa comunicou que a decisão de vender a cota no consórcio decorreu da necessidade de promover uma revisão do portfólio.

"A Shell revisa constantemente seu portfólio para assegurar o melhor resultado a seus acionistas. Essa ação rotineira simplesmente dá continuidade ao processo de priorização, otimização e financiamento do portfólio dos negócios de exploração e produção da Shell nas Américas", informa a nota.

De acordo com a Shell, a venda "não impacta na visão de crescimento e desenvolvimento" que a empresa "tem para o Brasil". No documento, a petroleira diz ainda que "vê o Brasil como um país estratégico para a área de E&P (exploração e produção) da empresa" e que "recentemente tomou a decisão final de investimento na segunda fase do Parque das Conchas", na Bacia de Campos.

"Nos próximos dois anos, a companhia prevê a perfuração de sete a dez poços exploratórios no País", conclui a nota.

O negócio ainda depende da aprovação da ANP, mas tanto a Queiroz Galvão quanto a Barra Energia falaram da aquisição de maneira exultante.

Em teleconferência, o diretor de Exploração da Queiroz Galvão, Lincoln Guardado, definiu como "estratégica" a entrada da empresa no bloco.

Disse que a compra de parte do BM-S-8 (campo Bem-Te-Vi) qualifica a empresa para, no futuro, atuar em outras áreas próximas ao bloco.

Guardado acrescentou que a companhia espera resultados já a curto prazo, pois a área tem baixo risco de perfuração. Segundo ele, a QGEP avalia o volume, com quatro projetos em análise na área, dos quais o poço de Biguá já está em perfuração.

O diretor disse que a empresa considera em torno de 50% a probabilidade de sucesso geológico do poço de Biguá, que integra o BM-S-8. É uma avaliação conservadora, observou, abaixo da média de 75% da região, pois a companhia ainda levanta estudos, dados e histórico do bloco.

O diretor-presidente da Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás , João Carlos de Luca, afirmou que a empresa ingressa na exploração do pré-sal "em grande estilo", pois o local de Santos onde fica o bloco é cobiçado pelas maiores petroleiras do mundo.

"É um privilégio a Barra Energia, uma empresa iniciante, já entrar no pré-sal. É um feito extremamente importante, um marco significativo. A área tem um dos maiores potenciais do mundo", disse.

De acordo com ele, o foco da empresa engloba águas rasas e profundas no pré-sal e pós-sal. "Todas as oportunidades serão olhadas. Nossa estratégia de crescimento prevê o acesso a oportunidades como esta, de compra, e a participação em licitações", concluiu.

Mudança. Originalmente, formam o consórcio que explora o bloco a Petrobrás (operadora, com 66% de participação), Galp (14%) e Shell (26%). A Petrobrás informou, por meio de sua assessoria, que não comentaria a saída da Shell e a entrada da Barra Energia e da Queiroz Galvão no bloco que opera.

Em 2008, a estatal anunciou a descoberta de óleo nos reservatórios do pré-sal do bloco. Análises preliminares indicam óleo leve de 25º API a 28º API (medida de referência internacional). Quanto mais elevado o grau, mais leve e comercial o óleo. O petróleo árabe, por exemplo, tem grau API em média de 40. O poço pioneiro foi perfurado a 250 km da costa de São Paulo, a 6.773 metros de profundidade.

(Sabrina Valle e Sergio Torres l O Estado de S. Paulo)

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