Siguler Guff quer dobrar posição em ativos brasileiros

Um ano após instalar escritório no Brasil, a gestora americana de private equity Siguler Guff pretende levantar seu primeiro fundo no país. Com quase US$ 10 bilhões sob gestão, a firma é especializada em selecionar e investir em fundos que adquirem participações em empresas – os chamados "fundos de fundos".
 
Atualmente, os investimentos da Siguler Guff no país estão concentrados em fundos captados no exterior e com foco em oportunidades no chamado Bric – do qual também fazem parte Rússia, Índia e China. Desde que montou o time local, a presença do país no portfólio passou de 5% para 20%.
 
Os valores da nova carteira, que será voltada a investimentos na América Latina, ainda não foram definidos, mas o objetivo da gestora é praticamente dobrar a exposição no Brasil nos próximos dois anos, passando dos atuais US$ 320 milhões para US$ 600 milhões, segundo Cesar Collier, diretor responsável pelo escritório local da Siguler Guff.
 
Executivo com passagens pelas áreas de private equity do Standard Bank e Merrill Lynch e ex-diretor de redes de varejo, como Wal-Mart e Carrefour, Collier vê espaço para oferecer os produtos da firma no país. A Siguler Guff é cotista de oito gestoras com atuação local, incluindo Advent, Gávea e Pátria, com as quais também realiza coinvestimentos. "Para os grandes investidores institucionais brasileiros, seria uma forma de ter acesso a esses fundos, de uma forma diversificada", afirma.
 
Collier não vê problemas no fato de os maiores fundos de pensão nacionais exigirem participar do comitê de investimentos, o que os afasta das grandes gestoras, que optam por captar a maior parte dos recursos no exterior, onde não há esse requisito. Segundo o executivo, a Siguler Guff já opera no exterior com fundos específicos para um único cliente, com estrutura própria de governança.
 
O ano passado foi marcado por captações bilionárias de vários fundos de private equity. Juntos, Gávea, BTG Pactual, Vinci e Gávea levantaram US$ 6 bilhões de investidores em busca de oportunidades no país. Apesar do grande fluxo de recursos destinados ao país, que aumenta a concorrência pelos ativos, o executivo da Siguler Guff acredita que a maioria dos gestores fará bons negócios.
 
Além dos grandes fundos, Collier vê potencial nas gestoras que possuem foco em compra de participações de empresas de médio porte, no qual há uma carência maior por recursos, enquanto as maiores têm à disposição o mercado de emissão de ações e dívida, além do BNDES.
 
Com o crescimento e especialização da indústria brasileira de private equity, os fundos de fundos também começam a ganhar espaço. Uma das pioneiras foi a brasileira Ocroma, mas as gestoras estrangeiras também demonstram interesse no mercado nacional. A americana Hamilton Lane, que instalou escritório no país no ano passado, está em captação de um fundo local. A suíça Capital Dynamics, que chegou ao Brasil em 2009, acaba de contratar um novo executivo para a unidade brasileira e pretende retomar o processo de captação.

(Vinícius Pinheiro e Carolina Mandl | Valor)

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