Solazyme chega ao país para fazer diesel de alga

Companhia americana que tem Bunge, Unilever e Chevron como investidores monta estrutura no Brasil e fecha acordo com usinas de cana para garantir matéria-prima.

Está desembarcando no Brasil a primeira empresa disposta a produzir combustíveis por meio de microalgas no país. A americana Solazyme já definiu sua localização: seu escritório e seus laboratórios ficarão em Campinas (SP), mesmo município da concorrente Amyris.

Incluindo nessa conta a Novozymes, sediada em Curitiba, a Solazyme é a terceira empresa estrangeira a se instalar no país com micro-organismos para a produção de combustíveis de segunda geração.

A diferença é que a Solazyme usará microalgas – e não enzimas ou fungos – para transformar açúcares e celulose em combustíveis idênticos aos derivados de petróleo. O uso de microalgas têm sido amplamente estudado pela indústria de energia.

No Brasil, a Petrobras está desenvolvendo um processo para extrair os óleos naturais das algas e transformá-los em biodiesel.

Mas o processo da Solazyme consiste em alterar o metabolismo das algas para que elas transformem os açúcares diretamente nos óleos desejados, quimicamente idênticos aos derivados de petróleo.

Para dar escala à sua tecnologia, a Solazyme definiu a cana-de-açúcar como a matéria-prima mais viável, e fechou um acordo com um grupo de usinas de cana no Brasil.

O nome desse sócio, que processa cerca de 8 milhões de toneladas de cana por ano, é mantido em sigilo.

Em um primeiro momento, a Solazyme vai construir instalações anexas a uma ou mais usinas desse grupo, para transformar a sacarose da cana em combustíveis como o diesel e o bioquerosene de aviação. A meta da companhia é começar a produção comercial de combustíveis em 2013.

Mas a empresa trabalha no melhoramento de suas microalgas para produzir os combustíveis também a partir da celulose, o que faria do bagaço da cana uma matéria-prima ainda mais vantajosa do que o caldo da cana – disputado com a produção de etanol e de açúcar.

A Solazyme também possui um acordo de desenvolvimento com a empresa petrolífera colombiana Ecopetrol, justamente para utilizar a cana cultivada naquele país como matéria-prima de seus processos.

Uma das investidoras estratégicas na Solazyme é a gigante do agronegócio Bunge, que possui usinas de cana no Brasil.

Também investiram no negócio a empresa petrolífera americana Chevron e a Unilever, que já testou óleos produzidos pelas algas da Solazyme para a produção de sabonetes.

Flexibilidade

Embora o negócio de combustíveis seja o grande filão da Solazyme, os dois produtos comerciais já lançados com as suas tecnologias de alga estão em filões bem menores.

O primeiro, lançado no ano passado, foi um óleo utilizado em suplementos dietéticos nos Estados Unidos, em parceria com a francesa Roquette.

O segundo produto é um óleo com efeitos regeneradores da pele, utilizado em um creme anti-idade da marca francesa de cosméticos Sephora.

Em tese, a Solazyme garante que pode produzir praticamente qualquer tipo de óleo a partir da ação de suas microalgas, desde que o cliente se disponha a pagar. A ideia é que os laboratórios no Brasil também façam essas pesquisas sob encomenda no futuro.

Por ora, os cientistas da empresa em Campinas vão realizar os testes necessários para a aprovação do uso das microalgas geneticamente modificadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Capital

Para iniciar as operações comerciais em combustíveis, a Solazyme está abrindo o seu capital nos Estados Unidos, com a meta de captar US$ 100 milhões.

Por conta do processo, a empresa está em período de silêncio. Desde sua fundação, em 2003, já captou US$ 129,3 milhões com investidores privados.

(Luiz Silveira l Brasil Econômico)

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