Sul-coreano Wooribank abre filial no Brasil

O Wooribank, um dos maiores bancos sul-coreanos em ativos, vai começar a operar no Brasil. Ontem um decreto presidencial autorizou a entrada da instituição controlada pelo governo da Coreia do Sul.
 
O Valor apurou que o objetivo inicial da instituição no Brasil é atender companhias coreanas que tenham presença no país por meio de uma licença para banco comercial e de investimento. Entre os grupos multinacionais que são atendidos pelo Woori estão, por exemplo, Hyundai, Kia, LG e Samsung. Em um segundo momento, a instituição passaria a atender companhias brasileiras com interesse em fazer negócios com a Ásia. A carteira de crédito do Woori soma US$ 137,8 bilhões.
 
Na Coreia do Sul, o Woori é um banco bastante conhecido entre as pessoas físicas. O próprio nome da instituição dá uma dimensão disso. Em português, a tradução de "woori" – cuja pronúncia é algo como "uri" – é "nosso".
 
O "nosso banco" é o terceiro coreano a atuar no Brasil. Os outros dois são o Korean Exchange Bank e o Korean Development Bank. O Woori, que aguardava o sinal verde do Banco Central brasileiro desde 2010 e foi assessorado pelo escritório de advocacia Tozzini Freire, será presidido pelo sul-coreano Mum Kyun Ro. O capital inicial do banco no Brasil será de cerca de R$ 40 milhões.
 
O governo sul-coreano já anunciou que em breve pretende vender o controle do banco, que está avaliado na bolsa de valores em US$ 6,75 bilhões. Duas tentativas já estiveram em curso, mas acabaram fracassando.
 
O principal problema que o governo tem encontrado para vender sua fatia de 57% no Woori é, que pelas regras do país, a instituição só pode ser controlada por bancos e fundos de "private equity" locais. Alguns sul-coreanos interessados ainda esbarrariam em leis de concentração de mercado, inviabilizando o negócio.
 
Ontem, outro banco asiático demonstrou interesse pelo Brasil. O China Construction Bank (CCB), segundo maior banco chinês em ativos, está em negociações bem preliminares com "dois ou três" bancos brasileiros, segundo a agência de notícias "Dow Jones", que atribuiu a informação a uma fonte que preferiu não ser identificada. O movimento é a mais recente tentativa de companhias chinesas aumentarem sua presença no mercado latino-americano.
 
O custo para o CCB seria de cerca de US$ 200 milhões para comprar o menor dos três bancos avaliados, enquanto a aquisição dos outros dois custaria de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões cada, acrescentou a fonte sem identificar os bancos considerados na negociação.
 
A fonte acrescentou que o movimento do CCB para explorar oportunidades de aquisição no Brasil não dará apenas presença na região mas também ocorre num momento em que o valor das ações globalmente tem sido atingido pela crise da zona do euro.
 
Em agosto, o Industrial & Commercial Bank of China (ICBC), maior banco chinês em ativos, informou que estava comprando uma fatia de 80% das operações argentinas do Standard Bank, num negócio avaliado em US$ 600 milhões. A operação ocorreu após o Banco Central brasileiro afirmar, em abril, que o ICBC submeteu um pedido para iniciar operações no Brasil.
 
Ontem, em outro decreto presidencial, o governo também deu sinal verde para a participação de capital estrangeiro em até 33% do capital social do banco Luso Brasileiro, controlado pela família Tavares de Almeida.
 
Em outubro, o banco anunciou que negociava um aporte de R$ 100 milhões com dois novos investidores: o grupo português Amorim e a fabricante de carrocerias Caio Induscar.
 
Decreto também publicado ontem autorizou o controle estrangeiro na SulAmérica Investimentos DTVM e da Aporte DTVM. Além disso, o Interactive Brokers Group, de Connecticut (EUA), poderá constituir corretora de títulos e valores mobiliários no país.

(Carolina Mandl e Azelma Rodrigues | Valor)

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