Suzano reforça estratégia para mercado editorial

Embora o senso comum preconize que o brasileiro, em geral, não é dado à leitura, o mercado editorial tem mostrado vigor crescente e conquistado relevância nos negócios da indústria papeleira. Atenta a esse movimento, a Suzano Papel e Celulose, maior fornecedora nacional de papéis "off-white", de tonalidade amarelada e usado para a impressão de livros, reforçou a estratégia para o segmento editorial, especialmente o de obras gerais ou livros não didáticos. Assim, pelo segundo ano consecutivo, montou um estande na Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), que foi aberta ontem à noite, com o objetivo de estreitar laços com editoras e autores.

"Neste momento, concentramos a venda do papel Pólen somente no mercado de livros não didáticos", conta o gerente-executivo de Marketing e Estratégia da unidade papel da companhia, Adriano Canela. A partir do ano que vem, no entanto, outros segmentos, como o de livros didáticos, devem entrar no radar da Suzano. Hoje, a Suzano, que disputa esse mercado com empresas como MD Papéis e International Paper (IP), fornece 100% do papel usado na impressão dos títulos da editora Companhia das Letras e tem outros clientes de peso na carteira como Record, Objetiva, Rocco, Cosac Naify e Intrínseca.

Em 2009, segundo os dados mais recentes e disponíveis de produção e venda, o mercado editorial brasileiro movimentou R$ 3,37 bilhões. Desde 2005 até aquele ano, as vendas online de livros passaram de 5% do total para 17%. E com a ascensão das classes C e D, a perspectiva é a de que o consumo de livros no país cresça entre 15% e 20% nos próximos anos, de acordo com a Associação Brasileira de Difusão do Livro. "Decidimos pela aposta no segmento de livros não didáticos, que compreende romances e auto-ajuda, por exemplo, porque as taxas de crescimento são superiores às das demais categorias do mercado editorial", explica Canela.

A estratégia para esse nicho, conta o executivo da Suzano, foi desenhada no ano passado pela companhia, em parceria com a Agência Santa Clara, com o mote "você pode ler mais". "O produto existe há mais de 20 anos, mas nunca se pensou em uma campanha específica. Com o crescimento do mercado editorial, a companhia decidiu por ampliar as apostas", diz Canela.

Anualmente, a Suzano produz entre 12 mil toneladas e 15 mil toneladas do papel Pólen, marca para a linha "off-white, em Rio Verde, no interior de São Paulo. Conforme Canela, é possível ampliar a capacidade produtiva na unidade, ou adaptar linhas em outras fábricas da companhia, caso a demanda por esse tipo de papel supere o esperado. "Isso não seria uma dificuldade", afirma. Os preços do produto, contudo, são mais altos – entre 15% e 20% – que o papel offset convencional. "Até por essa razão esse papel não é aplicado em outros tipos de livros", pondera. A característica mais amarelada do papel garante maior autonomia e facilidade de leitura.

(Stella Fontes | Valor)

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