TAM e Gol revisam crescimento para 2012

A realidade da crise internacional e seus efeitos sobre a economia brasileira estão levando as principais empresas aéreas do mercado brasileiro a rever para baixo suas expectativas de crescimento do transporte de passageiros para o próximo ano.

De acordo com os líderes das principais empresas ouvidos pelo Valor ontem durante a abertura do 39º Congresso Brasileiro de Agentes de Viagem (Abav), o aumento deverá ficar na faixa dos 10%, número que, se não é nada desprezível em uma conjuntura difícil, está muito aquém dos até 18% estimados para este ano e um terço menor do que os 15% anteriormente previstos para 2012.

"O mercado doméstico tem crescido mais ou menos duas vezes e meia a três vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Pensando em um crescimento (do PIB) de 3% a 3,5%, é razoável um crescimento em torno de 10% no próximo ano", diz o presidente da TAM, Líbano Barroso.

Para este ano, Barroso mantém a previsão de aumento de 15% a 18% do total de passageiros transportados pelas empresas do país. "Vemos que o mercado doméstico continua forte, reflexo da nova classe média que está substituindo o ônibus pelo avião", acrescentou.

Na área internacional, Líbano vê redução de ritmo basicamente no mercado europeu, tanto que a TAM está enxugando sua oferta de voos a partir do Rio para Frankfurt (Alemanha), Londres (Reino Unido) e para Paris (uma frequência semanal a menos).

Ao mesmo tempo, a empresa anunciou recentemente uma segunda oferta diária de São Paulo para Orlando (Flórida). Mesmo ressaltando que o tráfego brasileiro segue crescendo para todos os destinos, Líbano vê uma retomada mais rápida da economia americana do que da europeia. Em agosto a TAM reviu seu plano de frota para 2012, definindo que fechará o ano com 159 aviões e não com 163 como previsto antes

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, também vê o mercado doméstico crescendo em 2012 o equivalente até três vezes o aumento do PIB. Para ele, o aumento de 18% estimado para este ano deverá ser um recorde "extraordinário", quebrando parâmetros históricos.

Segundo Constantino, entre a década de 1970 e o começo de e década de 2000 o transporte aéreo de passageiros no Brasil crescia igual ou uma vez e meia o aumento do PIB. Depois, esse crescimento veio mantendo-se na casa de duas vezes e meia a três vezes o aumento do PIB, devendo este ano crescer mais do que quatro vezes a economia, considerando um PIB na faixa dos 4%.

A Gol, de acordo com seu principal dirigente, não tem planos de ampliação da sua frota, exceto pelos 24 aviões da Webjet, empresa cujo controle acionário adquiriu em julho deste ano por R$ 311 milhões em operação ainda sujeita a ser aprovada pelo Conselho Econômico de Defesa Econômica (Cade).

Um investimento forte que a empresa pretende fazer nos próximos anos é na busca das chamadas "receitas auxiliares" ao transporte de passageiros, como a "carga expressa" e as vendas a bordo, estas já presentes em 85 voos diários. Segundo Constantino, o objetivo é elevar a participação dessas receitas no faturamento total da Gol de atuais 9% a 11% para 15% nos próximos quatro anos.

No início do mês, a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) fez um alerta para sinais de rápida desaceleração do transporte global de passageiros e de carga em agosto. Segundo a entidade, o fluxo de passageiros cresceu 4,5%, abaixo do ritmo de 5% do mês anterior.

O transporte de cargas, por sua vez, mostrou recuo de 3,8% em agosto, diante da retração de 1,8% de julho. No mercado aéreo, é unânime a avaliação de que o envio aéreo de cargas reflete antes do que o transporte de passageiros sinais de desaceleração ou de aquecimento do setor.

"O ritmo de crescimento nos mercados de passageiros tem mergulhado e o negócio de fretes está agora diminuindo a um ritmo mais rápido. Com a confiança dos empresários e dos consumidores continuando a cair globalmente, não há muito otimismo para condições melhores em breve", afirmou no início do mês o diretor-executivo da Iata, Tony Tyler, por meio de comunicado.

Diante do cenário mundial de desaceleração do transporte de passageiros, a América Latina ainda mostra resultados superiores à média mundial, com alta de 6,8% na demanda em agosto.

(Chico Santos | Valor)

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