ThyssenKrupp estuda vender usinas no Brasil e nos EUA

A ThyssenKrupp, maior produtora de aço da Alemanha, pode vender suas usinas no Rio de Janeiro e no Alabama, avaliadas em 7 bilhões de euros (9 bilhões de dólares), em decorrência de estouro de orçamentos de implantação e atrasos das unidades.

O presidente-executivo da companhia, Heinrich Hiesinger, informou na terça-feira que o Conselho de Administração decidiu examinar todas as opções estratégicas para as duas usinas, incluindo parceria ou venda.

A ThyssenKrupp não pretende vender seus negócios de aço na Europa, disse o executivo.

Ele acrescentou que a ThyssenKrupp pretende oferecer a usina brasileira, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), para parceira Vale. Disse que também falará com possíveis compradores na Ásia.

SEM INTERESSE

A Vale afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que ainda não foi comunicada oficialmente do assunto e que, portanto, não tem nada a declarar por enquanto sobre o assunto.

Mas a mineradora já descartou, em outras ocasiões, a possibilidade de aumentar sua fatia na siderúrgica. Em entrevista à Reuters em março, o diretor-executivo de Finanças da companhia, Tito Martins, foi claro: "Se eles vierem para nós com essa possibilidade, nós não temos intenção de adquirir uma participação adicional na planta".

A Vale está justamente revendo sua estratégia, vendendo ativos pequenos ou que não fazem parte da sua atividade principal de mineração para concentrar esforços em grandes projetos de maior interesse da companhia, como por exemplo a expansão de Carajás, no Pará.

A empresa anunciou na semana passada desinvestimentos em ativos de caulim e também estuda vender participações em empreendimentos de petróleo e gás.

VENDA SEPARADA

O grupo de siderurgia alemão Thyssenkrupp afirmou que espera vender as unidades no Brasil e Estados Unidos separadamente, em vez de negociar tudo em um pacote, disse o presidente executivo.

"Não será interessante para um comprador comprá-la como um negócio integrado para produzir placas no Brasil e vender nos Estados Unidos", disse ele.

O movimento de venda vem após uma série de desinvestimentos. Entre outros negócios, a empresa está vendendo sua unidade de aço inoxidável Outokumpu, Finlândia, por 2,7 bilhões de euros.

"Isso fará com que ThyssenKrupp mais atraente do ponto de vista dos acionistas, mas se ele realmente cria valor para a empresa depende do preço", afirma o analista Ingo Schachel, do Commerzbank.

PROBLEMAS AMBIENTAIS

A ThyssenKrupp registrou prejuízo bilionário no ano passado por conta dos altos custos da fábrica no Brasil, operada por sua unidade Steel Americas, e pelo fortalecimento da moeda brasileira e aos fracos mercados de aço nos Estados Unidos e na Europa.

"Os custos de produção no Brasil estão crescendo desproporcionalmente devido ao aumento dos custos de trabalho, efeitos da inflação e, em particular a valorização da moeda brasileira", disse a ThyssenKrupp, acrescentando um aumento acentuado nos preços do minério de ferro e demanda lenta também foram afetados.

Apesar da avaliação das opções, as usinas no Brasil e Estados Unidos continuarão a elevar produção, acrescentou o executivo da Thyssen.

Em setembro passado, o vice-presidente financeiro da CSA, Rodrigo Tostes, afirmou que a empresa alcançaria pico de produção em meados deste ano.

A usina no Rio de Janeiro, que tem capacidade para 5 milhões de toneladas de placas por ano, começou a operar em setembro de 2010, após investimento de 5 bilhões de euros e cinco anos de construção.

A CSA – projetada em 2005, quando o mercado de aço mundial não atravessava uma crise de sobreoferta e forte alta nos custos de insumos como carvão e minério de ferro – sofreu uma série de problemas ambientais que atrasaram seu cronograma.

As usinas da ThyssenKrupp no Brasil e no Alabama são interligadas, com a CSA produzindo placas de aço para serem acabadas nos EUA.

A Vale, estimulada pelo governo, decidiu atrair grupos siderúrgicos para o Brasil. O governo brasileiro avalia que a construção de siderúrgicas é positiva para agregar valor ao minério de ferro que o país produz.

(Tom Kaeckenhoff,  Maria Sheahan, Sabrina Lorenzi e Clara Ferreira Marques | Reuters)
 

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