Tyson Foods prepara plano para avançar no Brasil

A Tyson do Brasil, subsidiária da multinacional americana Tyson Foods, já tem pronta a estratégia para ampliar as operações no país. Com faturamento global de US$ 27 bilhões, a empresa já reservou "um valor" para elevar sua participação no mercado brasileiro a partir de 2011.

Em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara, o novo presidente da filial brasileira, Vitor Hugo Brandalise, afirmou que a empresa, a segunda maior processadora mundial de proteína animal, está pronta para crescer no Brasil. "Temos um valor já disponível da matriz para aplicar aqui quando a gente atingir o ponto de equilíbrio", disse aos deputados, sem revelar o valor do investimento. "Vamos investir aqui. Focar em aves, que é o nosso negócio. Depois, agregar valor com suínos, o que seria normal. E como último estágio entraremos na área de bovinos". A empresa já investiu R$ 250 milhões no Brasil e tem outros R$ 40 milhões para gastar até o fim do ano fiscal, em julho.

A opção da Tyson pelo Brasil é um movimento estratégico para expandir a produção no terreno das concorrentes brasileiras, os grupos JBS e Marfrig. "Não tem muito mais o que crescer nos Estados Unidos. Vamos crescer na China, Índia e México, mas o Brasil é a maior possibilidade de sucesso e crescimento da Tyson", disse Brandalise, que assumiu o cargo no início de junho. "Desde 2008, estamos perdendo dinheiro. Mas é um prejuízo calculado e vamos reinvestir [lucros] no Brasil, não vamos mandar para os Estados Unidos".

A Tyson Foods tem 40% do faturamento ligado a produtos de bovinos, 36% de frangos e 13% de suínos. No Brasil, onde emprega 3,2 mil funcionários e mantém "integração" com 248 aviários, a multinacional comprou as fábricas de Macedo (SC), Avita (SC) e Frangobrás (PR). "Podia ter comprado uma grande empresa, mas comprou três empresas pequenas para se adaptar à cultura brasileira". A Tyson, afirmou ele, preferiu apostar na "elevação da produtividade e da rentabilidade" como estratégia de crescimento. "Até agora, seguramos os investimentos".

Provocado pelos deputados, Brandalise afirmou que a estratégia da Tyson não é "retaliação" contra a JBS, que tomou o posto da maior processadora mundial de carnes, " A Tyson já estava aqui antes de a JBS comprar a Pilgrim ” s", disse. "Foi retaliação da JBS contra a Tyson, talvez". E revelou que a empresa preferiu não comprar concorrentes nos EUA. "Tinham oferecido [a Pilgrim ” s] pra nós. Não houve interesse porque tinha muitas unidades e a Tyson vinha perdendo dinheiro desde 2007. Mudou a gestão, mudou o CEO e veio ordem para aumentar a rentabilidade, e não comprar. Também poderia ter comprado a Keystone, mas oferecemos a metade do que a Marfrig pagou", afirmou na audiência.

O gerente financeiro da Tyson Brasil, Cleverson Tullio, informou que a "matriz está altamente capitalizada" para alavancar o crescimento fora dos EUA. E indica como se dará a expansão complementar no Brasil. "Queremos captar recursos internamente, mas ainda não podemos chegar ao BNDES por causa dos níveis de garantia que temos hoje. Ainda temos dificuldade em captar recursos", disse. A empresa assumiu financiamentos da Avita e da Frangobrás, de R$ 19 milhões no BNDES e de R$ 7 milhões no BRDE. "Mas o funding maior [para entrar no Brasil] veio da matriz. Vamos tentar ampliar com BNDES e outros bancos".

(Mauro Zanatta | Valor)
 

 

 

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