Usiminas negocia venda ou parceria de unidades

A Usiminas, maior produtora de aços planos do Brasil, está negociando parcerias ou venda de suas unidades de bens de capital e transformação, e não prevê melhora de suas margens de lucro no curto prazo.

Estamos abertos a uma joint venture ou uma venda. Consideramos que o foco da Usiminas tem que ser mais a área de siderurgia”, afirmou nesta quarta-feira o presidente da companhia, Julián Eguren, em um raro comentário sobre o destino das unidades, após meses em que informava estar avaliando alternativas para suas operações.

“Estamos em conversas sobre as duas unidades. Estamos interessados na melhor alternativa de criação de valor… Nosso objetivo é ter um resultado para isso nos próximos meses e o próximo semestre é um objetivo razoável”, disse Eguren a jornalistas, após apresentação a investidores e analistas.

Eguren, que assumiu a Usiminas no início do ano, evitou fazer projeções precisas sobre o desempenho da Usiminas em 2013. Mas avisou aos investidores para não esperarem uma melhora significativa nas margens da empresa no começo de 2013.

“A melhora (da margem) vai ter impacto ao longo de muitos períodos. Não existe mágica”, disse.

Nos nove primeiros meses de 2012, a área de bens de capital da Usiminas teve margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) negativa de 3 por cento, enquanto o negócio de transformação do aço viu a margem recuando para 2 por cento.

De janeiro a setembro, a Usiminas acumulou prejuízo de 248 milhões de reais.

Na bolsa, a reação às declarações do presidente da Usiminas foi negativa. As ações preferenciais da companhia caíam 3,70 por cento às 13h01, enquanto os papéis das rivais CSN e Gerdau subiam 2,12 e 1,36 por cento, respectivamente. O Ibovespa tinha variação positiva de 0,15 por cento.

PREÇOS O diretor comercial da Usiminas, Sergio Leite, afirmou que trabalha com uma perspectiva positiva sobre 2013, com aumento do consumo aparente de aço do Brasil, importações em queda e fim da chamada “guerra dos portos”, em que alguns Estados do país davam incentivos tributários para produtos importados.

Segundo Leite, a tendência é que o prêmio do preço do aço (diferença entre o valor no Brasil e o estabelecido no exterior) seja negativo no início de 2013, o que “evidentemente criará espaço para uma ação” de reajuste de preços pela Usiminas.

CSA O presidente da Usiminas descartou a compra da CSA, usina colocada à venda pela alemã ThyssenKrupp, mas disse que poderá comprar placas de aço da CSA caso a demanda por produtos siderúrgicos no Brasil cresça de maneira mais intensa.

A Usiminas inaugurou um novo laminador de tiras à quente em sua usina de Cubatão (SP) neste ano e paralisou o equipamento antigo da unidade. Se a demanda por aço do país subir muito, a empresa não terá aço suficiente para religar o equipamento paralisado.

“A CSA é sempre uma alternativa. Se a demanda se recuperar muito rápido, não temos capacidade de produção de aço para alimentar esse laminador que está em ‘stanb-by’, mas a CSA tem e assim podemos fechar um acordo comercial com a CSA e pegar placas deles para laminá-las em Cubatão”, disse Eguren.

“É uma oportunidade comercial. Nosso balanço não permite uma aquisição”, acrescentou.

Para o restante de 2012, a Usiminas considera a situação de preços de aço no Brasil em equilíbrio com os praticados no exterior. A empresa espera apresentar um volume de vendas no quarto trimestre semelhante ao do terceiro trimestre, quando ficou em 1,75 milhão de toneladas.

Ainda segundo Eguren, o investimento da Usiminas em 2012 deve ficar abaixo dos 2 bilhões de reais previstos inicialmente.

(Exame)

+ posts

Share this post