Valdac cria marca mais popular

Dono das grifes de moda Siberian e Crawford, o Grupo Valdac atravessa a sua maior reestruturação em 30 anos de atividade. A empresa, que agora passa a ser uma holding denominada Valdac Global Brands (VGB), vai investir R$ 450 milhões até 2015. Esse recurso será destinado à criação de uma nova marca de vestuário voltada paras as classes B e C, expansão das lojas e possíveis aquisições.

Com a combinação desses fatores, a Valdac prevê para daqui quatro anos um faturamento de R$ 2,7 bilhões, valor semelhante à receita líquida registrada pela gigante Renner no ano passado. A Valdac não divulga sua receita atual. Segundo cálculo feito pelo Valor Data, que levou em consideração os percentuais anuais de crescimento divulgados pela empresa, o faturamento da Valdac gira em torno R$ 400 milhões.

A mola propulsora desse desempenho será a nova marca de roupas – batizada de memove – e focada em um público ainda não desbravado pela dona das grifes Siberian e Crawford, que atendem as classes A e B. "A nova marca será responsável por cerca de 70% do crescimento da nossa empresa até 2015. Acredito muito na expansão do poder de compra da classe popular", disse Dácio Oliveira, fundador e presidente da Valdac, em uma de suas raras entrevistas à imprensa.

Acionista majoritário da Valdac, Oliveira entrou na área do varejo em 1981 ao comprar uma pequena loja no shopping da Lapa, na zona oeste da cidade de São Paulo. "Eu e minha mãe compramos uma loja bonitinha, chamada Butique Castelinho. Mas localizada em um péssimo ponto no shopping. Para aumentar as vendas, fechei uma parceria com o sorveteiro. Quem comprava na loja, ganhava uma bola pequena de sorvete", contou o empresário, de 51 anos. Alguns anos depois, a Butique Castelinho mudou seu nome para Colours, grife feminina que fez grande sucesso na década de 80.

A Siberian, carro-chefe da Valdac, foi aos poucos tomando lugar da Colours, extinta em 1988. "Eram duas grifes, com pequenas lojas, preferi ter uma marca só com unidades ”megastore”", disse Oliveira, que em 1995 criou a marca masculina Crawford.

A meta para a holding de moda é chegar ao fim do ano com 119 lojas, sendo 73 da Siberian, 40 da Crawford e seis da memove. Em quatro anos, o número de pontos de venda da Valdac saltaria para 389 unidades. Deste total, 120 serão lojas da memove. Um dos diferenciais da Valdac é que suas lojas são próprias. No varejo de moda, é comum as grifes atuarem por meio de franquia ou multimarcas.

Outra frente de atuação da holding é a criação de uma área voltada para fusões e aquisições, que deverá entrar em operação a partir de 2014. "Não é mais possível ser pequeno no varejo. Para ter boas áreas de logística, TI, jurídico, financeiro ou marketing é preciso ter um faturamento grande para pagar essas despesas essenciais e ganhar sinergia", afirmou Oliveira, que no fim de 2006 iniciou uma profissionalização para criar essas plataformas. "Acreditamos que agora temos condições para crescer de forma sustentada", disse.

Oliveira tem recebido propostas de fundos de private equity e varejistas internacionais para vender uma participação minoritária de sua empresa. O empresário não descarta receber aportes para levantar os R$ 450 milhões para seu plano de expansão. Mas ressalta que tem outras opções: caixa próprio, financiamento da banca privada ou do Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); ou abrir o capital em bolsa.

(Beth Koike l Valor)

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