Vinci e Caixa lançam ‘private equity’ de bolsa

Com o conhecimento de quem atuou na abertura de capital de mais de cem empresas nos últimos anos, a Vinci Partners – formada por ex-sócios do Pactual – pretende buscar oportunidades de investimento entre as empresas de menor capitalização na bolsa, as chamadas "small caps".
 
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, a gestora pretende captar até R$ 500 milhões em um novo fundo, que será voltado, principalmente, para investidores institucionais. Com prazo de cinco anos, durante o qual haverá carência para resgates, o produto terá um conceito semelhante ao de um private equity – que investe na compra de participações em empresas, em geral de capital fechado -, embora seja classificado como um fundo de ações convencional.
 
A ideia é identificar oportunidades de investimento dentro de um universo de 300 companhias listadas em bolsa com valor de mercado até R$ 5 bilhões, de acordo com Mario Campos, sócio da Vinci. "Várias dessas empresas possuem grande potencial de crescimento e hoje estão fora do radar dos investidores", afirma. Em outra semelhança com um private equity, o fundo terá um prazo de três anos para realizar os investimentos e outros dois, prorrogáveis, para vender as posições e devolver os recursos aos cotistas.
 
O fundo pretende deter posições relevantes com o objetivo de indicar um representante no conselho, em uma abordagem que ele qualifica como "engajamento construtivo". Campos conheceu boa parte dessas empresas quando atuou em suas aberturas de capital à frente da corretora do Pactual. Além dos números, ele espera se valer da proximidade conquistada com os empresários. "O acesso às companhias é importantíssimo no investimento em bolsa", diz.
 
A Caixa será a responsável pela distribuição do fundo. A expectativa é que pelo menos R$ 100 milhões sejam captados entre regimes próprios de previdência social (RPPS), como são chamados os fundos de pensão de funcionários públicos de Estados e municípios. Com cerca de R$ 50 bilhões em recursos, os RPPS hoje aplicam apenas 3% desse valor em renda variável, muito abaixo do limite, que hoje é de 30%, de acordo com o gerente nacional de investimentos corporativos da Caixa, Sérgio Bini.
 
O fundo foi constituído para se enquadrar às diferentes regulações e atender, além dos RPPS, fundos de pensão tradicionais e seguradoras. "Os investidores já têm uma percepção de que há muitos ativos baratos na bolsa, mas não é tão simples encontrá-los", afirma o sócio da Vinci, Marcelo Rabbat.
 
A necessidade de diversificação dos investimentos, com a migração de recursos para a bolsa, aumenta com o processo de redução dos juros, em especial para as fundações, que têm metas atuariais a cumprir, lembra Rabbat. Pelos cálculos da gestora, caso a Selic caia para 9%, o rendimento líquido real das aplicações pós-fixadas cairia para algo em torno de 2%.
 
Assim como os demais produtos da Vinci, gestora que conta com R$ 10 bilhões em recursos, o novo fundo contará com capital dos sócios. A taxa de administração é de 1,6% ao ano, mais performance de 20%, que será cobrada apenas após o período de investimento. O investidor poderá optar pelo indicador de referência que será usado para o cálculo: IPCA mais 6% ao ano ou o índice de Small Caps da BM&FBovespa.

(Valor)

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