Vivendi planeja expansão no país para fortalecer GVT

A Vivendi está procurando fazer aquisições no Brasil, para expandir a GVT, a operadora de telecomunicações pequena, mas de crescimento acelerado, que comprou por € 2,8 bilhões em 2009.

Um mês após comprar a participação da Vodafone na SFR – a joint venture francesa de telecomunicação móvel -, por € 8 bilhões (US$ 11,44 bilhões), Jean-Bernard Lévy, presidente do conselho de administração da Vivendi, disse ao "Financial Times" ver pouca urgência em eliminar outra participação minoritária por meio da compra dos 20% de sua divisão de TV paga Canal+, detidos pela Lagardère.

Em vez disso, disse Lévy na véspera da divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Vivendi, o grupo queria "rechear os canais" da GVT com conteúdo e serviços. "O Brasil será um importante impulsionador de crescimento para nós", disse ele, e é um país "praticamente inexplorado".

A Vivendi, cujos ativos se estendem desde a Universal Music até a Activision Blizzard, estava "examinando o ecossistema digital" do Brasil, disse ele, e poderá realizar aquisições fora de suas áreas de excelência em telecomunicações, TV paga, gravações fonográficas e videogames.

A receita da GVT cresceu 43% em reais, em 2010, para € 1,03 bilhão, puxada pela expansão de 80% da receita de banda larga. As margens operacionais aumentaram, apesar da duplicação dos gastos com bens de capital destinados a custear velocidades maiores de banda larga e o desenvolvimento de novos produtos.

A GVT está concorrendo com a Telefónica e a América Móvil, empresas de muito maior porte. Seus gastos com a aquisição de bens de capital deverão crescer mais 40% este ano. O grupo brasileiro também fechou seu primeiro acordo com uma divisão de sua empresa mantenedora francesa, lançando um serviço gratuito de música e vídeo para os clientes de banda larga da GVT com a Universal Music.

Mas muitos executivos do setor fonográfico continuam preocupados com os níveis de pirataria praticados no Brasil.

Lévy tentou reduzir o "desconto de conglomerado" da Vivendi com a venda da participação de 20% que possuía na NBC Universal, por US$ 5,8 bilhões no ano passado, e com a aquisição do controle integral da SFR.

Na verdade, o empresário, de 56 anos, passou boa parte de seu período de oito anos e meio como principal executivo da Vivendi e depois como o presidente de seu conselho de administração, desfazendo o legado de Jean-Marie Messier. Esse executivo ficou conhecido por suas polêmicas tentativas de transformar a antiga concessionária de serviços de infraestrutura numa potência transatlântica de mídia e telecomunicações, mutilando-a pelo endividamento.

"A tarefa levou muito tempo", disse Lévy, referindo-se à reestruturação do portfólio do grupo francês de comunicações.

Suas medidas ajudaram a apagar as más lembranças, mas os investidores ainda reagem com cautela às aquisições da Vivendi. Quando a empresa anunciou o negócio com a SFR, no mês passado, suas ações praticamente permaneceram inalteradas. Além disso, vários analistas se perguntaram por que ela tinha pago um múltiplo de 6,2 a 6,7 vezes os lucros da SFR antes de juros, impostos, depreciações e amortização (Ebitda) quando as ações de suas congêneres da área de telecomunicações estavam sendo negociadas a valores mais próximos do múltiplo de cinco vezes.

Lévy disse ter pago um valor superior ao de mercado por considerar que havia "exagero gritante" em relação aos riscos que as novas regulamentações e os novos impostos representam para as operadoras europeias de telecomunicações, notadamente de serviços móveis.

Lévy desqualificou a ideia de que com os acordos envolvendo SFR e GVT, estaria abandonando as ambições da Vivendi na área de mídia para se concentrar em telecomunicações. Em plataformas como a rede de banda larga da GVT há, segundo ele, crescente carência por conteúdo e serviços, e a Vivendi precisa superar as concorrentes nessas áreas.

Esse duplo foco se reflete em sua estratégia de aquisições, disse ele, ao confirmar que a Universal Music, subsidiária da Vivendi, acompanhou de perto o recente leilão pela aquisição da Warner Music. Além disso, insinuou que esperava comprar partes da EMI quando o grupo fonográfico britânico foi vendido pelo Citigroup.

"Não podemos comprar a EMI toda, mas sempre estaremos de olho em ativos fonográficos", disse Lévy. Apesar da queda vertical das vendas de CDs, da pirataria e das dificuldades do setor em fechar acordos em torno das cláusulas a cumprir com empresas digitais novatas, do Google ao Spotify, afirmou: "Acreditamos que o setor fonográfico é valioso". (Tradução de Rachel Warszawski)

(Andrew Edgecliffe-Johnson | Financial Times)

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