Votorantim fecha aquisição e entra no mercado peruano

SÃO PAULO – A Votorantim Cimentos acaba de pôr os pés no Peru. A entrada da empresa no país – seu sétimo mercado na América Latina – se dá via participação em uma empresa local, que vai iniciar a construção de uma fábrica com capacidade de 700 mil de toneladas de cimento por ano.

Em acordo assinado ontem em Lima, a Votorantim comprou 29,5% da Cementos Portland, que tem como sócias a peruana IPSA e a espanhola World Cement Group. O investimento inicial da brasileira foi de US$ 27 milhões, valor que pode ser somado a aportes futuros.

"As empresas estavam procurando sócios para entrar com recursos e tecnologia. Já estávamos há dois anos negociando esse acordo, que faz parte da estratégia de internacionalização da Votorantim Cimentos", afirmou ao Valor, o diretor de planejamento da Votorantim Cimentos e responsável pelas participações estratégicas na América Latina, Luiz Alberto Castro Santos.

Além da Votorantim, entrou no acordo a chilena Bío Bío, com participação de 29,5% na joint venture. A chilena também fez um aporte de US$ 27 milhões. Assim, a peruana e a espanhola passam a deter participação de 20,5% cada uma na Cementos Portland. As operações da companhia serão comandadas por um executivo da Bío Bío, enquanto os demais sócios terão presença na diretora da empresa.

A Cementos Portland já existe no Peru há mais de cinco anos e é detentora de uma jazida de calcário de alta qualidade – matéria-prima principal para a produção de cimento – em Pachacamac, distrito nos arredores de Lima. Agora, com a entrada das novas empresas no grupo, a companhia vai investir US$ 150 milhões em uma fábrica próxima à jazida, com início das operações previsto para 2012.

Os aportes iniciais das sócias na empresa, somados a possíveis financiamentos irão possibilitar que a fábrica comece a ser construída em quatro meses, segundo estima Santos. A unidade deve empregar cerca de 120 funcionários diretos, mais 300 indiretos.

Com o acordo, a Votorantim Cimentos está apostando no mercado peruano que, apesar de pequeno, cresce a níveis semelhantes aos brasileiros. Segundo dados da associação do setor no Peru, o ano de 2010 deve representar para a indústria de cimentos peruana um crescimento de cerca de 15%, para 8 milhões de toneladas.

"Achamos que é uma boa oportunidade de participar desse mercado, que está em crescimento e tem grande necessidade de investimentos em infraestrutura. Na área de cimentos, o mercado peruano tem apresentado crescimento contínuo e constante", explicou o executivo.

Na América Latina, a Votorantim Cimentos já está presente no Chile (por meio de 15% das ações da Bío Bío), na Bolívia (51% da Cementos Camba), no Paraguai (35% da Cementos Iguazu), na Argentina (38% da Cementos Avellaneda) e no Uruguai (38% da Cementos Artigas).

No Brasil, a empresa tem 22 fábricas, cuja capacidade total de produção alcança 27 milhões de toneladas por ano. Segundo os planos de ampliação da atuação no país, já anunciados pela companhia, sua capacidade produtiva no Brasil deverá chegar a 42 milhões de toneladas por ano em 2013, quando a empresa terá 35 fábricas de cimento.

Além do Brasil, a Votorantim Cimentos tem 6 unidades produtivas na América do Norte, o que faz com que sua capacidade de produção total alcance cerca de 32,5 milhões de toneladas por ano. Nos demais países, como nos da América Latina, a empresa atua apenas por meio de participações em operações locais. Em 2009, a receita líquida da Votorantim Cimentos totalizou R$ 7,4 bilhões, enquanto em 2008, somava R$ 7,7 bilhões.

O grupo Votorantim está presente no Peru desde 2004, quando adquiriu uma refinaria de zinco metálico. O grupo já investiu no país um total de US$ 1,5 bilhão, sendo que, desse valor, cerca de US$ 800 milhões foram direcionados para a refinaria de Cajamarquilla e US$ 700 milhões para a mineradora Milpo, de zinco, cobre e chumbo. (Colaborou Ivo Ribeiro)

(Vanessa Dezem | Valor)
 

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