Vult planeja chegar às redes de supermercado

De lojinhas do metrô de São Paulo ao site da varejista francesa Sephora no Brasil. Com distribuidores em todos os Estados, as maquiagens da brasileira Vult não têm preconceito de público. É assim que, mesmo sem figurar em revistinhas do porta a porta, onde o segmento mais fatura, a empresa dobra de tamanho a cada ano. Só no primeiro semestre, o faturamento cresceu 134% em relação ao mesmo período de 2010. A marca Vult está entre as mais vendidas em farmácias e o plano é levá-la para as gôndolas dos supermercados até janeiro.

Criada em 2004 e hoje com apenas 77 funcionários diretos, a empresa não fabrica nem vende ao consumidor. É uma atacadista, que cria novas fórmulas junto com fornecedores e mantém duas marcas com posicionamentos bem definidos. A Vult, com preços sugeridos entre R$ 6 e R$ 25 faz campanha na TV aberta, com forte apelo para as classes C, D e E. A Duda Molinos, com itens que vão de R$ 23 a R$ 65, atrai consumidoras por meio da TV fechada e, com preços baixos para o mercado premium em que concorre, tem 20% do faturamento proveniente da loja virtual da Sephora.

Para chegar aos supermercados, Daniela Cruz, sócia da empresa, diz que ainda é preciso enfrentar a resistência das redes, que não têm tradição no segmento, e ter certeza de que será possível suprir a demanda sem perder participação nas farmácias. "O melhor para a concorrência crescer é a gente deixar o buraco", diz a empresária, que divide o controle da companhia com Murilo Reggiani.

Premiada como melhor fornecedora na feira internacional da beleza realizada em São Paulo este mês, a Vult chega a 16 mil pontos de venda. A empresa não divulga o faturamento. Mas só com batom, seu carro-chefe, pode-se calcular que obtenha ao menos R$ 43,2 milhões anuais, considerando o preço mínimo da marca, de R$ 6, e a venda de 600 mil unidades por mês. A companhia oferece ao todo 400 itens, incluindo as variações de cores.

Com o crescimento das vendas, planeja aumentar também seu espaço de armazenagem. Hoje, tem um galpão de 3,5 mil m2 em Mogi das Cruzes (SP), onde fica a sede da empresa. A ideia é comprar outro terreno até o fim do ano para um galpão adicional de 5 mil m2.

Com 80% do faturamento proveniente das maquiagens, a Vult também trabalha com hidratantes e produtos para cabelo, mas namora há muito tempo outro mercado: o de esmaltes. Já desenvolveu 70 cores e até o formato dos vidrinhos. "Este ano queremos levar essa ideia adiante, mas ainda estudamos a fórmula certa, porque a conta não fecha. Eu jamais conseguiria concorrer com as marcas líderes sem fabricar", diz Reggiani.

O mercado de esmaltes é o único em que a Vult considera entrar como fabricante. E mesmo assim, apenas no caso de não encontrar alternativa, já que os sócios acreditam que as vocações da empresa são vender e criar.

A terceirização dos distribuidores, que têm estoques em cada região, também é considerada estratégica para conseguir capilaridade. "Não podemos deixar faltar produto. Precisamos ter uma logística rápida e estar perto do cliente", diz Daniela. Além disso, o mix em cada local varia de acordo com o perfil da consumidora.

(Luciana Seabra l Valor)

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