Walmart avalia aquisições para crescer no Brasil

A maior rede varejista do mundo está analisando potenciais alvos de aquisição no Brasil. J. P. Suarez, vice-presidente sênior de desenvolvimento de negócios internacionais, afirmou ao Valor que apenas o crescimento orgânico não é suficiente para que o grupo conquiste no país uma melhor participação de mercado. "Nós estamos buscando oportunidades de adquirir lojas para ajudar no nosso crescimento orgânico no país", disse Suarez. "Temos acesso a capital, para nós isso não é um problema", completou o executivo, quando questionado sobre o caixa da companhia para compras de outras redes.

A iniciativa está de acordo com a estratégia mundial do Walmart para crescer nos próximos anos, calcada em quatro pilares: aquisições, crescimento orgânico, comparação de vendas nas mesmas lojas e comércio eletrônico.

Há 16 anos no país, o Walmart mantém a terceira posição no ranking brasileiro das maiores redes de varejo alimentar. As suas vendas de R$ 22,3 bilhões em 2010 deixam a filial brasileira abaixo do Carrefour (R$ 29 bilhões) e do Pão de Açúcar (R$ 36,1 bilhões, incluindo eletroeletrônicos). Em um momento em que há notícias de conversas de seus dois maiores rivais para se unir no Brasil, o Walmart não deixa de avaliar possibilidades de ganhar escala. Mas, como o presidente da rede no país, Marcos Samaha, disse anteontem ao Valor, os preços das redes estão muito "inflados", porque o Brasil é "a bola da vez".

"Acreditamos que, se nós formos bem nesses quatro pilares, vamos conseguir uma melhor posição [no ranking local]", disse Suarez. Quanto ao crescimento orgânico, o Brasil deve abrir 80 lojas este ano, a maioria no Nordeste e no formato Todo Dia, de lojas de vizinhança, um modelo próximo do Walmart Express, nova aposta da varejista, com cerca de 10% do tamanho de um hipermercado convencional. "Não há mais espaço para hipermercados de grande superfície", diz Samaha.

Já as vendas pela internet, que tiveram início há quase três anos, vêm apresentando resultados animadores, segundo a principal executiva de finanças e estratégia do Walmart, Cathy Smith. "O tamanho do mix da internet é dez vezes o sortimento da loja", diz Cathy. Atualmente, a operação de comércio eletrônico do Walmart envolve 7 mil itens de 21 categorias.

No capítulo das aquisições, o Walmart comemora a liberação da compra do controle da varejista sul-africana Massmart. O negócio, de US$ 2,4 bilhões, aguardava aprovação das autoridades antitruste locais. Como parte do processo de integração das duas redes, diretores da varejista africana esteveram na quarta-feira em Fayetteville, onde foi realizado a conferência anual de funcionários do Walmart,. "Nós temos a mesma cultura (…) embora o inglês pareça diferente", brincou Doug McMilon, presidente da divisão internacional do Walmart, referindo-se ao sotaque sul-africano.

A conferência de funcionários integra a programação da Shareholders Meeting, reunião anual dos acionistas do Walmart, realizada na manhã de hoje no Bud Walton Arena, na Universidade do Arkansas, em Fayetteville.

Com a Massmart, o Walmart marca a sua entrada em novos mercados como o de materiais de construção. Dona de 288 lojas em 14 países da África, a empresa opera com oito bandeiras, sendo três delas voltadas ao mercado de construção, decoração e jardinagem: Builders Trade Depot, Builders Warehouse e Builders Express, respectivamente. "É uma grande oportunidade para começarmos a explorar um novo negócio", diz Suarez.

(Daniele Madureira | Valor)

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