XCMG planeja fábrica de até US$ 200 mi para o país

Acompanhando a atual movimentação do empresariado chinês no Brasil após viagem da presidente Dilma Rousseff à Pequim, a fabricante de máquinas para construção civil Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG) anuncia hoje a construção de um parque industrial na cidade de Pouso Alegre (MG). Em um espaço de 800 mil m2, a empresa planeja investir US$ 200 milhões na construção de sua primeira fábrica na América Latina, além de um centro de desenvolvimento e pesquisas.

"Se o Brasil continuar crescendo assim, vamos continuar investindo", afirmou ao Valor, o representante-chefe do grupo no Brasil, Ricky Ren. A unidade deve ser concluída em 2012 e, com os investimentos, a XCMG prevê vendas anuais na faixa de US$ 500 milhões a partir de 2014.

A companhia está no topo do ranking das maiores fabricantes de máquinas para construção civil na China e, segundo ela, ocupa o 7º lugar nessa indústria global. Com mais de 35 mil funcionários e 130 países em seu portfólio de exportações, no ano passado o grupo acumulou receita de US$ 10 bilhões, sendo que em 2009, as vendas somaram US$ 7,5 bilhões.

No Brasil, a XCMG pretende produzir guindastes, rolos compactadores, motoniveladoras, escavadeiras e pás-carregadeiras. "Vamos começar com os nossos melhores itens. Mas queremos introduzir constantemente novos produtos", disse o executivo, sem especificar qual será a capacidade da fábrica em Pouso Alegre. A ideia da companhia é iniciar suas operações com a montagem das máquinas na unidade para, gradativamente, ir aumentando o grau de nacionalização de sua produção.

Desde 2004, as máquinas da XCMG estão presentes no país por meio de três distribuidoras: a GTM, a Êxito e a BMC, cada uma sendo responsável produtos diferentes. A maior parte dos compradores dessas máquinas são as empresas locadoras, que as adquirem para fazer a locação para as companhias do setor de construção civil e infraestrutura.

Nos últimos anos, esse mercado apresentou forte crescimento no país. Segundo dados da Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), em 2010 foram vendidos 500 guindastes móveis no mercado brasileiro, avanço de 25% frente ao ano anterior. Para 2011, a entidade projeta venda de 600 guindastes. Estimativas de mercado indicam que cerca de 80% dessas máquinas são importadas. No setor como um todo, o levantamento da Sobratema mostra que a venda de máquinas para construção civil somou cerca de 35 mil unidades em 2010, um crescimento de mais de 70% ante 2009.

Diante das oportunidades que o setor tem apresentado no Brasil, a chinesa planeja fazer do país uma plataforma de exportações para a América Latina. "Aqui, já temos uma base de clientes estável", afirmou Ren. Outro fator que estimulou a instalação da unidade em território brasileiro envolve as barreiras alfandegárias. Até 2009, os guindastes chineses chegavam ao Brasil com valores até 50% mais baixos do que os nacionais, segundo a GTM. Em 2010, no entanto, o governo sobretaxou os equipamentos, diminuindo a diferença entre os produtos nacionais e estrangeiros. "Mesmo assim, eles continuam sendo mais competitivos do que os brasileiros", disse Lédio Vidotti, diretor da GTM.

Os investimentos da XCMG acontecem em um momento agitado nas relações China-Brasil. Na semana passada, chegou ao país uma missão com mais de 60 empresários e cinco autoridades chinesas para conhecer alternativas de negócios de infraestrutura. A missão antecede a chegada, em Brasília, do ministro do Comércio da China, Chen Deming. "A visita da Dilma nos deu mais confiança", enfatizou Ren.

(Vanessa Dezem | Valor)

+ posts

Share this post