Odebrecht aposta em hotelaria em Santos

Depois de lançar dois empreendimentos nas áreas residencial e comercial em Santos, a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) aposta agora na hotelaria, aguçada pela crescente demanda do turismo de negócios. A empresa inicia este mês as vendas de um projeto que abrigará 228 quartos de hotel da rede Accor e 310 apartamentos residenciais, com acessos independentes. A empresa não revela o investimento, mas o Valor Geral de Vendas (VGV) está estimado em R$ 230 milhões – o maior do setor na região neste ano. Somente a construção do hotel, de padrão 4 estrelas, é estimada em R$ 60 milhões, informou a Accor.
 
A área construída será de quase 60 mil m2. Desse total, 4,7 mil m2 serão a nova sede do clube Sírio-Libanês, localizado no terreno comprado para receber o projeto. A previsão é que o complexo esteja em funcionamento no primeiro semestre de 2016.
 
Os apartamentos do hotel poderão ser comprados. As unidades residenciais vão apartamentos mais simples de 57 m2 até duplex de 121 m2. Além disso, há ainda sete apartamentos com opções de terraço estendido.

Pesquisa encomendada pela Odebrecht mostra que somente a nova sede da Petrobras em Santos deve aumentar em 30% o número de postos de trabalho. As três torres que serão construídas pela petrolífera até 2018 abrigarão 6,6 mil funcionários. Hoje, a estatal conta com aproximadamente 1 mil funcionários em Santos.

Essa nova demanda aliada à expansão do porto exigirá a oferta de um novo padrão de hospedagem, setor que por anos ficou defasado no município.
 
De acordo com o levantamento da construtora, Santos conta com aproximadamente mil quartos de padrão entre três e cinco estrelas e 235 mil pernoites por ano. Desse total, 91% é ocupado pelo mercado corporativo, basicamente eventos ligados ao porto. Com o desenvolvimento da exploração petrolífera na Bacia de Santos a perspectiva é triplicar o número de pernoites, diz o diretor de incorporação da empresa, Marcello Arduin.
 
Macaé – sede da Bacia de Campos com quem a cidade paulista é comumente comparado – tem 1,6 mil apartamentos e ocupação de 410 mil pernoites por ano. "Se você imaginar que Santos terá a mesma ocupação de Macaé, estamos falando que a cidade terá nos próximos anos 645 mil pernoites por ano, praticamente três vezes mais do que existe hoje", calcula.
 
Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista, Santos conta com 1.750 apartamentos de hotéis, num total de 3.905 leitos. Dos 22 hotéis existentes, três foram inaugurados nos últimos três meses. Outros oito passarão a integrar a rede hoteleira em três anos.
 
Para o presidente do sindicato, José Lopez Rodriguez, a cidade pode viver uma superoferta de hospedagem no médio prazo se mais hotéis forem lançados. "Todo mundo acha que a Bacia de Santos está em Santos. Mas ela vai do Rio de Janeiro a Santa Catarina. De uma hora para outra todo mundo começou a investir". Dono de um dos mais antigos hotéis da região, Rodriguez inaugurou há sete anos o Atlântico Inn e, há uma semana, o Atlântico Golden.
 
Santos é hoje, ao lado de Campinas, a principal aposta da Odebrecht fora da capital paulista, dado o volume de investimentos público e privados anunciados. A estimativa é que até 2020 o município receba cerca de R$ 45 bilhões.
 
Somando o projeto lançado agora e os dois empreendimentos lançados em 2010, o VGV da companhia em Santos soma R$ 550 milhões. "Nossa meta é lançar por ano R$ 300 milhões na cidade", afirma Arduin. Atualmente, a empresa estuda mais quatro projetos na cidade. Um deles será um multiuso que reunirá hotel, escritórios e shopping. Como os terrenos estão praticamente esgotados, a empresa avalia novas fronteiras na região central (e perto da nova sede da Petrobras). "O foco é buscar alternativas de porte, que sejam indutoras do desenvolvimento", diz.

(Valor)

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