Incorporadoras estimam crescer menos em 2012

José Florencio, da Cyrela, diz que vendas ficaram abaixo da meta devido ao comportamento mais seletivo dos clientes.
O setor de incorporação imobiliária deve ter, em 2012, desaceleração do crescimento, após a maior parte das empresas de capital aberto que já divulgou prévias operacionais ter cumprido as metas traçadas para 2011 no ponto mínimo das respectivas projeções. Na avaliação do mercado, mais que preocupação com a demanda, o limite para a expansão das incorporadoras é a capacidade de execução de projetos, evidenciado, nos últimos anos, principalmente com a expansão geográfica das empresas, que se depararam com dificuldades como controle de prazos e custos.

A Cyrela Brazil Realty deve revisar para baixo, até o fim do mês, suas metas de lançamentos e vendas para 2012. Além de contribuir para que riscos de execução sejam evitados, patamares mais modestos de crescimento resultam em menos consumo de recursos e reforçam a expectativa de investidores que o fim do ciclo imobiliário iniciado com os lançamentos de 2007 e 2008 possibilitará que a maioria das empresas passe a ter fluxo de caixa positivo em 2012. Gerar caixa é justamente a palavra de ordem da vez.
 
Das incorporadoras de capital aberto que já divulgaram prévias operacionais, PDG Realty, Cyrela, Gafisa, Rossi Residencial, Even Construtora e Incorporadora, EZTec e Trisul cumpriram suas metas de lançamentos. A Brookfield Incorporações chegou a 98% do ponto mínimo de seu guidance de lançamentos.

Já a Helbor Empreendimentos, que não tinha meta oficial de Valor Global de Vendas (VGV) a ser lançado, atingiu o total de R$ 1,97 bilhão, acima do R$ 1,7 bilhão que a companhia estimava no fim de novembro, conforme informou ao Valor na ocasião.

Embora tenha atingido o mínimo da projeção, a Gafisa lançou 21% a menos que em 2010, devido à estratégia mais conservadora adotada para reduzir dívida e gerar caixa. A Trisul lançou 8% a mais que o topo da meta, mas menos da metade do VGV de 2010. A Rodobens Negócios Imobiliários, que não anunciou guidance para 2011, teve lançamentos totais de R$ 539 milhões, 60,5% abaixo de 2010.
 
Das empresas que tinham metas de vendas, Brookfield superou o limite máximo e MRV Engenharia alcançou o guidance. As vendas contratadas da Brookfield somaram R$ 4,4 bilhões, ante a meta de R$ 3,8 bilhões a R$ 4,2 bilhões.

A MRV, que projetava para 2011, vendas de R$ 4,3 bilhões a R$ 4,7 bilhões, comercializou R$ 4,322 bilhões, conforme divulgou nesta semana. Para 2012, a meta é que as vendas contratadas somem de R$ 4,5 bilhões a R$ 5,5 bilhões. O ponto médio projetado corresponde a 15,7% de alta em relação ao ano passado. Conforme o presidente da MRV, Rubens Menin, se não fosse a incerteza de qual será o efeito da crise internacional no Brasil, a meta poderia ser ainda maior em função da combinação de fatores como renda e financiamento imobiliário. "O mercado para imóveis populares estará muito aquecido neste ano", afirma Menin.

Em dezembro, a MRV estimou velocidade de vendas de 20% para 2012, mas o executivo espera que o ritmo possa ser maior. No quarto trimestre de 2011 – o melhor da história da MRV em vendas contratadas, com R$ 1,439 bilhão -, a velocidade de vendas foi de 29%.
 
Já a Cyrela vendeu menos que o projetado no ano passado. A empresa comercializou R$ 6,49 bilhões em 2011, ante a meta de R$ 6,9 bilhões a R$ 7,7 bilhões. Na comparação com 2010, as vendas aumentaram 5,3%. Segundo o vice-presidente financeiro da Cyrela, José Florencio Rodrigues, como os lançamentos do trimestre foram concentrados na segunda metade do período, não houve tempo hábil para que as vendas ocorressem na velocidade esperada. Segundo ele, as vendas ficaram abaixo da meta também devido ao comportamento mais seletivo dos clientes na decisão de compra. A Helbor anunciou queda de 17,5% nas suas vendas contratadas em 2011 ante 2010, para R$ 1,659 bilhão. A parte própria foi de R$ 1,326 bilhão.

(Chiara Quintão | Valor)
 

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