Ação da QGEP sobe com possível venda da sócia Barra Energia

As ações da Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) estão em forte alta nesta quarta-feira, reagindo à informação, divulgada pela agência Bloomberg, de que a China National Petroleum, maior produtora de petróleo da China, está em negociações para comprar a empresa brasileira Barra Energia Petróleo e Gás por cerca de US$ 2 bilhões.

A QGEP tem as mesmas participações que a Barra Energia em dois blocos, e o preço oferecido pela companhia chinesa tende a levar o mercado a reavaliar o valor de QGEP. Por volta das 13h40, as ações da QGEP se valorizavam 8,10%, cotadas R$ 12,28.

A Barra Energia atua na exploração de petróleo e gás, tem sede no Rio de Janeiro e foi criada por ex-executivos da Petrobras. Em 2010, a empresa recebeu US$ 1,2 bilhão de fundos de private equity para buscar oportunidades em águas rasas e profundas no pré e no pós-sal, conforme informações de relatório de análise do Itaú BBA.

Após o aporte, a Barra Energia comprou participações em dois blocos no pré-sal da Bacia de Santos: 10% no bloco BM-S-8, onde Carcará foi descoberto;  e 30% do BS-4 (Atlanta e Oliva). A QGEP possui as mesmas participações nos dois blocos. Se o negócio entre a Barra e a empresa chinesa se confirmar a esses valores, sobra espaço para a valorização da QGEP, calcula o Itaú BBA. 

Nas contas dos analistas, se confirmado, o negócio vai implicar um elevado valuation para BM-S-8 e BS-4. O total de recursos gastos pela Barra desde que recebeu o aporte dos fundos não é público, mas os analistas do Itaú BBA estimam que a empresa tenha utilizado cerca de US$ 400 milhões — US$ 175 milhões para a compra do BM-S-8; US$ 157,5 milhões para a aquisição de BS-4, e o restante foi gasto nos investimentos necessários para operá-los. Por esses cálculos, a empresa teria ainda perto de US$ 800 milhões no caixa.

A oferta de US$ 2 bilhões representa, portanto, um grande prêmio sobre o que Barra pagou pelos ativos, que deve estar baseado no alto potencial de descobertas  em Carcará e também a possibilidade de uma acumulação no pré-sal de BS4.

Os analistas do Itaú BBA, ao calcular o valuation da QGEP, estimam que os 30% que ela possui em BS4 valem US$ 552 milhões e a fatia de 10% no BM-S-8, US$ 380 milhões, totalizando US$ 932 milhões, 22% de desconto em relação ao que a China National Petroleum está avaliando as fatias da Barra, excluindo o caixa da empresa.

O relatório do Itaú BBA, feito pelos analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, avalia que a diferença de valor está relacionada ao potencial de BM-S-8. Uma estimativa conservadora da equipe aponta que a estrutura de  Carcará contenha um bilhão de barris de óleo equivalente (unidade básica usada para medir a produção do óleo e gás). Mas o relatório destaca que outras fontes da indústria têm estimativas ainda superiores. Uma descoberta no pré-sal de BS4 é também uma possibilidade.

A QGEP ainda possui US$ 430 milhões em caixa e o investimento no campo Manati, avaliado em US$ 828 milhoes. 

O Itaú BBA manteve a recomendação outperform ( acima da média de mercado) para a QGEP. Os analistas ressaltam que não esperam que o  mercado  pague o mesmo valuation de um investidor estratégico, que  tem um grande apetite por reservas, pelos blocos. Além disso, ainda há riscos relacionados à exploração e desenvolvimento desses blocos. Ainda assim, apostam na reavaliação dos ativos da QGEP, se o negócio sair e a esses valores.

(Ana Paula Ragazzi | Valor)

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