Alcoa avalia se fará ajustes nas operações do Brasil

Apertada entre o alto custo operacional e os baixos preços do alumínio no mercado internacional, a Alcoa está em fase de avaliação de possíveis ajustes nas operações brasileiras. Segundo informou em nota a produtora de alumínio, o mercado deverá passar por mudanças e a empresa enfrentará desafios nos negócios em 2012.

A afirmação da subsidiária na América Latina e Caribe é que avalia os cortes na produção anunciados pela matriz na sexta-feira. Alegando necessidade de melhorar a competitividade, a multinacional anunciou em Nova York um corte de 12% na produção mundial, o equivalente a 531 mil toneladas do metal.

A americana pretende fechar definitivamente algumas linhas produtivas inicialmente nos Estados Unidos e talvez em outros países. Os cortes fazem parte de um plano de redução de custos e devem ser concluídos no primeiro semestre de 2012. "Os cortes vão contribuir para a meta de diminuir a posição da Alcoa na curva de custos de produção global em 10 pontos percentuais", afirmou a empresa, no documento.

A Alcoa vai fechar permanentemente sua unidade no Tennessee, que já foi reduzida em 2009, e duas das seis linhas de produção de Rockdale, no Texas. Juntos, esses fechamentos resultarão em redução de 291 mil toneladas métricas na capacidade de produção global da Alcoa, que é de 4,5 milhões de toneladas métricas por ano. Outras 240 mil toneladas por ano deixarão de ser produzidas no "futuro próximo"- a companhia não especifica quais fábricas ou regiões poderão ser afetados pela medida.

"Esses são passos difíceis, porém necessários, para melhorar a competitividade da Alcoa, preservar valor ao acionista e proteger empregos no restante da operação", afirmou no comunicado o presidente do conselho de administração da empresa, Klaus Kleinfeld.
 
O anúncio de ajuste na oferta foi feito três dias antes da divulgação dos resultados da multinacional. Hoje, a Alcoa revela seu desempenho em 2011, dados que têm gerado desânimo por parte do mercado. Segundo 18 analistas ouvidos pela Bloomberg, sua receita líquida deve recuar 96%, para US$ 0,01 por ação, ante US$ 0,21 registrados em 2010. Essas estimativas são 88% menores do que as projeções realizadas no mês passado.

"A notícia da Alcoa atesta que pode estar havendo um excesso de oferta do alumínio. Há questionamentos sobre a lucratividade de empresas do setor", explicam analistas do Standard Bank, em relatório. O mercado já considera que os baixos preços do metal podem começar a inviabilizar algumas operações. Em 2011, a cotação do alumínio na Bolsa de Metais de Londres (LME) teve retração de 19%. Na sexta-feira, os preços subiram 0,52%, para US$ 2.039 a tonelada.
 
No Brasil – com duas fábricas de produção de alumínio primário e alumina, em Poços de Caldas (MG) e São Luís (MA) – a empresa tem sofrido ainda com os elevados custos de energia, insumo com peso elevado no custo de produção, embora já conte com cerca de 70% de geração própria desse insumo. A Alcoa, no entanto, não confirma se o anúncio global afetará as operações na região da América Latina e Caribe.

A receita bruta da Alcoa no país somou US$ 1,6 bilhão em 2010, com produção de 350 mil toneladas de metal. Na fábrica de alumina da Alumar tem 54% de participação, com 1,9 milhão de toneladas de capacidade de produção.

(Vanessa Dezem | Valor)

+ posts

Share this post