Allianz traz US$ 100 milhões ao Brasil

O braço de riscos especiais do grupo Allianz, a AGCS (Allianz Global Corporate & Specialty), vai trazer US$ 100 milhões para a abrir uma resseguradora local no país. Como o próprio nome da companhia sugere, o objetivo é trabalhar com riscos corporativos especializados, como dos setores de aviação e óleo e gás, atendendo clientes brasileiros que muitas vezes acessam a empresa por meio de Londres, principal mercado de resseguro do mundo, onde a AGCS está presente.
 
"Decidimos abrir uma companhia local depois que as regras do mercado foram alteradas no Brasil, definindo uma reserva [de mercado] de 40% para as locais", diz Andreas Berger, membro do conselho de administração da AGCS. As resseguradoras classificadas como "locais" são justamente aquelas que trazem capital para suportar a retenção de risco no mercado doméstico.
 
A companhia entrou com o pedido de abertura de resseguradora local na Superintendência de Seguros Privados (Susep) em janeiro e agora aguarda a autorização do órgão regulador. A montagem da operação, porém, já está em andamento. A sede da companhia será no Rio e terá o apoio de um escritório em São Paulo. A equipe inicial contará com cerca de 40 pessoas, entre brasileiros, alemães e ingleses. "Será um mix de expertise local e global", diz Berger.

O comando da operação ficará a cargo de Angelo Colombo, atual diretor de grandes riscos da "irmã" Allianz Seguros. O números dois da operação será o brasileiro Drault Ernanny, diretor de desenvolvimento de mercados da AGCS, até então com sede em Munique. Segundo Berger, a atuação da resseguradora será voltada para o mercado de riscos individuais (conhecido como riscos facultativos) e não de contratos.

As seguradoras fazem contratos com as resseguradoras em que podem colocar de forma automática, até um limite, os riscos de sua carteira. Acima desse teto e para riscos maiores são feitos contratos facultativos, específico para uma grande obra, por exemplo. É esse segundo tipo de negócio que a AGCS quer abocanhar. A resseguradora vai atuar em sete frentes: energia, aviação, transportes, engenharia, responsabilidade civil, patrimonial e seguro de administradores (D&O, na sigla em inglês).

Atualmente, dez resseguradoras locais operam no Brasil. No ano passado, elas faturaram R$ 3,2 bilhões em prêmios de resseguros, um crescimento de 51,7% em relação a 2010, segundo dados da Susep. O cálculo contábil do órgão, porém, mudou no ano passado, o que pode ter afetado a comparação. Fontes do mercado estimam que esse crescimento pode ter sido maior. Também aguardam autorização para operar como locais a Swiss Re, a Terra Brasis e a Alterra.

No Brasil existem três modalidades de resseguradoras: local (que constitui sociedade anônima no Brasil, com capital base de no mínimo R$ 60 milhões, e tem reserva garantida de 40% do mercado), admitida (empresa com sede no exterior, mas com escritório de representação no país, com capital mínimo de US$ 5 milhões) e eventual (que precisam apenas de cadastro junto a Susep para atuar).

A AGCS já opera no Brasil com uma resseguradora admitida desde 2009. Em 2011, a companhia faturou US$ 200 milhões – não é possível calcular a fatia de mercado que o volume de receita representa, pois a Susep divulga só os dados das resseguradoras locais.

(Thais Folego | Valor)

 

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