Bradesco assume controle da CPM Braxis

SÃO PAULO – O banco Bradesco comprou a participação do Deutsche Bank na CPM Holdings e, com isso, assumiu o controle da empresa e também, indiretamente, da companhia de serviços de tecnologia da informação (TI) CPM Braxis.

Fechada em maio, a transação não foi anunciada. Tornou-se pública anteontem com a publicação do balanço semestral do banco. A informação consta das notas explicativas das demonstrações financeiras. Procurado pelo Valor, o Bradesco confirmou a operação, mas não tinha um porta-voz disponível ontem para comentar. A assessoria de imprensa da CPM Braxis informou que a operação não afeta o dia a dia da empresa.

O Bradesco tinha 49% da CPM Holdings e agora passou a deter 74,92% do seu capital votante e total. Segundo o Valor apurou, o Bradesco teria pago ao banco alemão algo entre 20 milhões de euros e 30 milhões de euros. A transação ocorreu entre holdings no exterior – o Bradesco tem participação na CPM Holdings por meio da sua agência em Grand Cayman. A CPM Holdings detém 67% do capital votante da CPM Braxis e 43,92% do seu capital total. O Bradesco tem outros 14,02% do capital da CPM Braxis por meio da União Participações.

Além do Bradesco, os acionistas remanescentes da CPM Holdings são o fundo Gávea, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e Alothon Group.

Simultaneamente à saída do Deutsche Bank, os sócios fizeram um aumento de capital na CPM para reduzir o endividamento e possibilitar o crescimento da empresa.

A CPM Braxis é estratégica para o Bradesco porque é dentro da empresa que está sendo desenvolvida boa parte do ambicioso projeto de modernização da infraestrutura de TI do banco, batizado de TI Melhorias. O Bradesco é, de longe, o maior cliente da CPM Braxis, responsável pela maior parte das receitas da empresa, que chegaram a R$ 1 bilhão em 2009. A companhia tem 200 clientes e 5,5 mil funcionários.

A CPM já não fazia sentido para o Deutsche. A instituição deixou de fazer investimentos de capital de risco (private equity) e, ao mesmo tempo, a CPM não era um negócio estratégico. Adicionalmente, a CPM precisava de nova injeção de recursos e o Deutsche não estava disposto a aportar mais capital. Diante da vontade dos alemães de sair do negócio, o banco brasileiro decidiu ampliar sua fatia e assumir o controle.

A CPM Braxis foi criada em 2007 pela fusão de CPM, Braxis IT e Unitech. Os antigos acionistas da Braxis, entre eles o ex-banqueiro Jair Ribeiro, ficaram com cerca de 33% da empresa resultante. Até o fim de 2007, a companhia estava preparada para abrir capital, mas a reviravolta do mercado de capitais fez a empresa mudar os planos. Em 2008, a Gávea Investimentos e outros investidores anunciaram um aporte de R$ 170 milhões na Braxis.

O mercado brasileiro de serviços de TI vem crescendo acima de 10% ao ano. Em 2009, a crise impôs um freio a essa expansão, mas ainda houve um crescimento significativo das operações. Segundo a consultoria IDC, o faturamento do setor de serviços de TI no Brasil avançou 4,47% em 2009, chegando a uma receita de R$ 19 bilhões. O resultado foi na direção oposta ao desempenho global do setor. De acordo com a consultoria Gartner, o setor encolheu 5,3%. Para 2010, a IDC estima crescimento de 8,2% para o mercado brasileiro, também acima da média mundial.

(Vanessa Adachi e Gustavo Brigatto | Valor)

 

 

 

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