Bradesco e Bueno podem se unir, diz banco

Bradesco Saúde e o empresário e o grupo do empresário Edson Bueno, fundador da Amil, são candidatos à fundir as suas operação a médio e longo prazos.

A observação é dos analistas do Credit Suisse, Natalia Lacava e Luiz Otavio Campos, em extenso relatório sobre o segmento de saúde no Brasil. Na avaliação deles, a consolidação, não apenas em pequenas aquisições, mas também na junção de grandes grupos, é um dos principais pontos a se analisar no setor.

As companhias, avaliam, estão em uma indústria sólida, bem capitalizadas e cada vez mais profissionalizadas.

"Se pensarmos se a união desses dois grandes investidores faz sentido, a resposta é certamente sim", escreveram os analistas. Entretanto, talvez essa associação não ocorra no curto prazo.

O relatório avalia que Bueno e Bradesco Saúde são os principais nomes do setor e têm fatias relevantes, na maioria dos casos de controle, das principais companhias. Bradesco tem seu próprio negócio de seguro saúde; 40% da OdontoPrev e 14% do Fleury. Edson Bueno tem hospitais, controla a Amil, com 63,6%, e possui participação muito relevante, de 23,6% na Dasa.

Os negócios são complementares e uma associação faz sentido, diz o relatório.

"Muitas sinergias poderão ser capturadas, tanto em termos de receitas, com acesso a importantes canais de distribuição, quanto no lado dos custos, pois a nova companhia teria grande poder de negociação com fornecedores, maior escala e penetração de mercado", diz o documento.

No entanto, essa associação pode demorar um pouco porque ainda há muito espaço para consolidação no fragmentado setor, via aquisição de pequenas empresas pequenas.

"As líderes vão correr para adquirir as menores e aumentar o valor de seus ativos antes de fecharem um grande negócio", afirma o texto. Procurados pelo Valor, Bradesco Saúde e Amil não deram entrevista.

O Credit estima que a nova companhia teria valor de mercado de R$ 25 bilhões.

Entre os empecilhos para uma futura parceria, o banco aponta aspectos regulatórios, como o fato de companhias de seguros não poderem possuir hospitais, embora esse ponto poderia ser equacionado com a criação de uma holding, avaliam. Além disso, a concentração de mercado, já que a OdontoPrev possui 30% de participação no mercado dental. Os analistas do Credit Suisse também apontam que os acionistas da empresa de planos dentários podem ser contrários ao negócio por conta de conflitos de interesse e estratégias que a associação traria para seu negócio.

"Embora sinergias sejam claras quando se olha para a combinação de operações de diagnósticos e planos médicos, elas não são tão óbvias no segmento dentário. Por essa razão, existe a possibilidade de os acionistas da OdontoPrev não desejarem se expor ao setor de planos de saúde, mais arriscado."

Além disso, apontam, a empresa tem uma associação com o Banco do Brasil, que pode também dificultar o fechamento da operação. A OdontoPrev não quis comentar as informações.

Para o Credit Suisse, as melhores opções no setor são as ações de Dasa, Amil e OdontoPrev.

Os analistas acreditam que Dasa e Amil deverão viver importantes mudanças em 2011, como novas parcerias e aquisições.

OdontoPrev, escrevem, é certamente uma opção de crescimento, ainda com boas perspectivas para os próximos anos, porque o segmento de planos dentários é bem menos explorado do que o médicos.

No caso do Fleury, o Credit avalia que ainda faltam informações de potenciais sinergias com o Lab Dor. No momento, apontam potencial limitado de alta da ação, até porque a empresa ainda luta para melhorar as margens.

(Ana Paula Ragazzi | Valor)
 

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