Cenibra faz projeto para duplicar produção

A Cenibra, fabricante brasileira de celulose controlada por um consórcio de empresas japonesas liderado pela Oji Paper, uma das maiores produtoras mundiais de papéis térmicos, espera ter uma decisão sobre o projeto de duplicação de capacidade em Belo Oriente (MG) no começo de 2011. Os estudos, que foram iniciados há mais de dois anos e acabaram suspensos por conta da crise econômica, estão em fase de atualização e devem ser encaminhados ao conselho de administração até o fim do ano. A partir daí, a execução do projeto dependerá apenas do aval dos acionistas.

O plano em andamento prevê a ampliação da capacidade em 1 milhão de toneladas anuais, o que exigiria investimentos de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,3 bilhão, considerando apenas instalações industriais. O início de operação, considerando-se 100% de fornecimento próprio de madeira, está estimado para 2015 ou 2016. Essa data, contudo, pode ser antecipada caso a companhia opte por comprar madeira de terceiros – hoje, há alguma área excedente de florestas próprias plantadas, porém insuficiente para alimentar uma nova máquina antes de 2015.

Desde 2009, de acordo com Paulo Eduardo Rocha Brant, que assumiu a presidência da Cenibra em abril, as duas linhas de produção em Belo Oriente estão operando acima da capacidade nominal total, de 1,15 milhão de toneladas por ano. "Em 2009, chegamos a 1,2 milhão de toneladas e, neste ano, devemos ficar bem perto disso", afirma. "Estamos operando na capacidade máxima."

Parte significativa da nova produção deve ser direcionada à China, que se consolida como importante consumidor
Para a construção da terceira linha, conta Brant, a Cenibra poderá utilizar recursos dos acionistas, como já ocorreu em outros processos de modernização da unidade, e ainda recorrer ao mercado de dívida. "Temos alavancagem muito baixa e devemos fechar 2010 em 1,1 vez (relação entre dívida líquida e Lajida). Isso nos deixa em posição confortável para ir a mercado", explica. O projeto de financiamento, contudo, ainda não está definido.

Um dos principais temas para a execução do projeto, admite o presidente, está relacionado ao fornecimento de madeira. Atualmente, a Cenibra conta com 150 mil hectares de florestas plantadas, suficientes para abastecer as duas linhas existentes e uma produção adicional de 150 mil toneladas de celulose por ano. "Teremos de ampliar a produção florestal, mas podemos recorrer à compra de madeira de terceiros até termos florestas suficientes", avalia Brant.

O estudo original já previa possíveis áreas para plantio bem como alternativas para aquisição de matéria-prima no arredores de Belo Oriente. O mais importante nessa fase do planejamento, de acordo com o presidente, é preservar o raio máximo entre fábrica e floresta, hoje de 140 quilômetros. "Dois terços do custo da celulose estão relacionados a madeira e o transporte tem peso significativo nesse custo", aponta.

Na avaliação de Brant, o momento é oportuno para a avaliação de projetos de expansão no segmento de celulose. Até meados de 2012, não há previsão de entrada de novas fábricas – de 2012 a 2015, contudo, haverá uma nova unidade por ano somente no Brasil – e os prognósticos para o mercado são positivos, especialmente se considerado o consumo chinês. Em 2010, entre 20% e 25% da fibra produzida pela Cenibra deverá ser exportada para o Japão e o restante, vendido à Europa (30% a 35%), China e Ásia (20%), América do Norte (10%) e América Latina (entre 1% e 2%). A produção adicional, diz Brant, deverá ser direcionada sobretudo para o mercado chinês, que já se consolidou como importante consumidor da matéria-prima brasileira. dados da finlandesa Pöyry indicam que China e demais países asiáticos deverão responder por 50% do consumo mundial de celulose de mercado em 2025 – ante 35% em 2008.

Fundada em 1973, a Cenibra já teve em sua composição acionária a Vale, que se associou ao Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development (JBP) com o objetivo de formar uma empresa de base florestal. Em 2001, a fatia da mineradora foi comprada pelo consórcio, que assumiu o controle da companhia de celulose.

(Stella Fontes | Valor)

 

 

 

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