Com mineira Vert, grupo Wyndham abre hotéis no país

Sem muito alarde, a maior rede de hoteleira em número de quartos do mundo, a americana Wyndham, abre em dezembro mais um hotel no Brasil. O edifício fica na Barra da Tijuca, no Rio, e será já o segundo com a bandeira Ramada no país. O primeiro funciona desde o começo do ano em Lagoa Santa, Minas Gerais. Outros oito estão para começar a ser erguidos ou já estão em obras. A entrada da marca no mercado brasileiro se dá pelas mãos de uma companhia estreante na administração de hotéis, a mineira Vert.

As duas empresas assinaram um acordo de parceria preferencial em dezembro e já têm, além da unidade que está quase pronta no Rio e a de Lagoa Santa (MG), um em construção em Belo Horizonte; outro em Contagem (MG), cujo lançamento de vendas será feito em dezembro; e mais seis em fase final de negociação em Minas, Bahia e São Paulo. Os executivos da Vert, empresa constituída há um ano e sediada em Belo Horizonte, consideram que em todos os seis a construção já é certa.

"Na Wyndham, eles achavam que esse desenvolvimento que conseguimos em poucos meses de parceria só aconteceria em três ou quatro anos", diz a diretora-presidente da Vert Hotéis, Érica Drumond, cuja família é dona do Ouro Minas, o mais luxuoso hotel de Belo Horizonte. Com 15 marcas e 7,2 mil hotéis em seis continentes, o grupo Wyndham teve receita líquida de US$ 3,8 bilhões em 2010.

A estimativa da Vert é que serão necessários investimentos de R$ 460 milhões para entregar todos os dez hotéis com a bandeira Ramada, a maioria prevista para começar a funcionar entre 2013 e 2014. Para outros sete hotéis de marcas da própria Vert que estão em construção ou em fase final de negociação, serão necessários mais R$ 305 milhões.

"Vivemos um momento em que recursos para investir não são mais o problema, o que é mais difícil é a questão geográfica, além dos preços do terreno e da mão de obra", diz Amilcar Mielmiczuk, diretor de desenvolvimento da Vert.

Minas Gerais vive mesmo uma onda de investimentos em hotéis – movimento que se repete em várias capitais e em cidades de médio porte do interior. Segundo balanço da prefeitura de Belo Horizonte até início de julho, há 22 hotéis em construção na cidade e outros 24 em fase licenciamento das obras. A capital tem hoje 103 hotéis.

"Há uma década, o país passou por um ciclo de investimento hoteleiro que trouxe US$ 4 bilhões. Neste novo ciclo, estimamos que esse valor fique entre US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões", diz José Ernesto Marino Neto, presidente da consultoria BSH International, especializada em hotelaria. A Copa e as Olimpíadas não são a razão central desse novo boom, mas sim o crescimento da economia brasileira. Foi Marino quem ajudou a formatar a parceria da Wyndham com a Vert no fim de 2010.

Cinco dos primeiros hotéis da rede americana no Brasil serão de categoria econômica (sob a bandeira Encore Ramada). Três deles em Belo Horizonte, um em Salvador e outro em São Paulo. Outros três (estes com a bandeira Ramada Hotel, dois deles Minas e outro no Rio) estarão na categoria "midscale" (de três a quatro estrelas). É a mesma categoria do hotel da Wyndham/Vert em funcionamento em Lagoa Santa. A parceria terá ainda um hotel "upscale" em Minas. Os preços das diárias devem variar de R$ 180 a R$ 350.

Segundo Érica Drumond, do total necessário para os hotéis da Wyndham e da Vert que estão planejados, cerca da metade já foi captado com investidores diversos, que geralmente compram um quarto do hotel a ser construído.

É o modelo de financiamento mais usual no Brasil, segundo Marino. Em São Paulo, diz, dos 45 mil quartos de hotel, 30 mil estão nas mãos de pequenos investidores. Em Belo Horizonte, dos cerca de 18 mil quartos, quase a metade pertence a esse tipo de investidor.

(Marcos de Moura e Souza | Valor)

+ posts

Share this post