Cosan vai concentrar esforços por fatia da ALL

Após a formalização da compra dos 60,1% de participação da britânica BG na Comgás, que deverá ser concluída em até três semanas (ver matéria abaixo), o grupo Cosan vai concentrar esforços na aquisição ALL (América Latina Logística). Em fevereiro, a companhia fez uma polpuda oferta pela fatia de 49,1% do bloco de controle minoritário (ou 5,6% do capital total) da ferrovia.
 
A Cosan ofereceu R$ 896,542 milhões para comprar ações de três integrantes do bloco de controle: Riccardo Arduini, conselheiro da ALL, sua esposa Julia Dora Arduini, e GMI (Global Markets Investments, que representa o presidente do conselho de administração, Wilson de Lara).
 
O Valor apurou que as negociações não avançaram muito até agora e um novo acordo está em negociação. Para que a transação seja concluída, todos os acionistas que compõem o bloco de controle da ALL têm de aprovar a operação.
 
Fazem parte do bloco de controle da ALL o BNDESPar, braço de participações do BNDES; o fundo BRZ ALL, que tem como cotistas Funcef, Petros, Postalis, Forluz e Valia; além da Previ, Funcef, e os acionistas que concordaram em vender parte de suas participações.
 
O Valor apurou que os fundos de pensão que estão no bloco de controle também têm interesse de vender suas participações na ALL. Um acordo entre os acionistas Wilson de Lara e Riccardo Arduini para que esses fundos de pensão também possam se desfazer de parte de suas participações estaria sendo costurado para que as negociações sejam levadas adiante. Procurados, executivos da Cosan e os acionistas da ALL não retornaram os pedidos de entrevista.
 
Pelo acordo de acionistas da ALL, os sócios que participam do bloco de controle da ferrovia estão impedidos de vender suas ações até 2013. Para se desfazerem dos papéis antes do término desse prazo, os integrantes desse grupo possuem duas opções. Ou pedem o desligamento do acordo e vendem os papéis já fora do bloco de controle, opção que não é a do interesse da Cosan. Ou conseguem a autorização dos outros signatários do acordo que têm direito de preferência na compra e poder para aprovar ou não o ingresso de um novo sócio no acordo.
 
O ingresso da Cosan no bloco de controle da companhia é considerado estratégico para a empresa. O mercado encarou essa oferta da Cosan com ressalva, por conta do conflito de interesse entre a Rumo Logística, controlada pela Cosan, que utiliza os serviços da ALL, mas acredita que há sinergias entre as duas companhias e que essa aquisição faz sentido.
 
Para o grupo Cosan, esse negócio faz sentido porque a companhia leva em consideração os potenciais projetos de investimentos em infraestrutura no país para o agronegócio. Cada vez mais a companhia quer desvincular sua imagem como empresa de commodities para se tornar um grupo focado em infraestrutura e energia.
 
A Portugal Telecom, quando ingressou no bloco de controle da Oi, também precisou negociar com as fundações. A operadora portuguesa comprou ações novas da Telemar Participaçõe s (holding controladora) com uma injeção de capital, adquiriu participações indiretas dos dois maiores sócios e também teve de ficar com participações pequenas de diversas fundações. Elas queriam aproveitar o prêmio elevado pago pela Portugal Telecom e conseguir liquidez para o investimento, que é numa companhia não listada na bolsa e, portanto, sem chances de saída com venda no mercado.

(Mônica Scaramuzzo, Graziella Valenti e Ana Paula Ragazzi | Valor)

 

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