Desafio em 2012 é a volatilidade dos preços, aponta pesquisa da Deloitte

Os principais desafios que o setor mundial de mineração deve enfrentar em 2012 são a grande volatilidade dos preços e as incertezas sobre a demanda chinesa. A conclusão é de uma pesquisa da Deloitte, que mostra que as empresas do setor terão que se adaptar a essas características, que já existiram, mas que se aprofundam neste ano.

A instabilidade das cotações das commodities é fruto do cenário adverso da economia global, marcada pela estagnação dos EUA e pela crise nos países europeus. Essa situação, dentro de um cenário de especulação, cria um deslocamento de curto prazo entre a oferta física e a realidade da demanda. "Isso torna mais difíceis as projeções para os preços, fator necessário para os investimentos privados", afirma o líder em mineração da Deloitte no Brasil, Eduardo Raffaini.

Segundo estimativas da consultoria Macquarie Research, no entanto, o cobre – que na Bolsa de Metais de Londres (LME) ontem fechou no patamar dos US$ 8.406,50 por tonelada – encerrará o ano em US$ 8.363 por tonelada. Para o alumínio, as projeções ficam em US$ 2.275 por tonelada, praticamente constante ao verificado na sessão de ontem, quando o metal ficou nos US$ 2.273 por tonelada.

As mineradoras estão tentando equacionar ainda a demanda da China, que sozinha, responde por 37% da demanda mundial por cobre e 44% da procura por alumínio. Segundo a Deloitte, o ritmo de modernização do país não é conhecido, indicadores de estoques e produção também são questionáveis, e essa falta de transparência prejudica a construção de cenários pelas companhias. "A maioria das empresas baseia seus planos na suposição de que suas previsões podem variar de 5% a 10%, não que as coisas mudarão em 50%. Hoje, os fatores que influenciam a indústria estão se tornando mais extremos, obrigando empresas a considerar cenários muito mais ambiciosos", explica o líder global da Deloitte para o setor, Philip Hoppwood.

E a desaceleração da China já é uma realidade. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China deverá ficarem 9,5% nos próximos anos, menor do que o nível de 10,5% de crescimento verificado em 2010.

Outro grande desafio para as mineradoras está relacionado aos custos. Os próprios altos patamares de preços das commodities tem impulsionado a escassez de equipamentos, mão de obra e outros insumos, pressionando as contas das empresas.

O fato de as empresas continuarem a se expandir em novas regiões também eleva os custos. Segundo a análise da Deloitte, em algumas regiões de mineração, os investimentos em transporte, água e energia são responsáveis por 80% dos gastos dos projetos.

Esses são alguns dos motivos pelos quais muitas companhias do setor não têm conseguido entregar seus projetos de expansão. "Há uma forte competição por recursos de infraestrutura. Mas as mineradoras precisam tocar seus projetos, para que essa situação não tenha forte impacto nos lucros mais para frente", afirma Raffaini.
 
O ano tende a ser difícil para o setor e o executivo acredita que as mineradoras devem se focar em práticas de gestão de riscos e custos "Diante de um cenário imprevisível, é necessário trabalhar no que se tem controle ", diz.

(Vanessa Dezem | Valor)

 

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