É questão de tempo até Banco Cruzeiro do Sul ser vendido ou liquidado

Companhia terá patrimônio líquido zerado e deverá ser vendido para uma entre 20 companhias que preencham requisitos.

Com um rombo de R$ 3,1 bilhões, não resta muito ao Banco Cruzeiro do Sul (CZRS4) se não o triste caminho de ser vendido ou liquidado. A companhia deve passar por um processo que deve terminar na venda do banco no dia 10 de setembro, para uma das 20 instituições que preencham os requisitos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

A operação envolverá em perdas para os credores do banco a ser reestruturado. O banco possui patrimônio líquido de cerca de R$ 870 milhões, mas um rombo de aproximadamente R$ 3,1 bilhões – deixando um saldo negativo de R$ 2,23 bilhões. Existem também passivos de cerca de R$ 5,6 bilhões, considerados impagáveis. Assim, o FGC deve lançar uma nova oferta que resultará em perdas para os investidores nacionais e internacionais, excetuando-se àqueles com crédito garantido pelo próprio fundo.

“É uma divisão socialista do banco”, afirma Antônio Carlos Bueno, diretor-executivo do fundo. O deságio médio deve ser de 49,3% tanto para os que possuem títulos nacionais, como CDBs, LCI’s, LCA’s e Letras Financeiras, quanto para os bondholders, detentores de dívida privada no exterior. Isso equivale a cerca de 65,6% do passivo. É válido lembrar que isso depende do tempo de maturidade do papel.

Como parte da oferta, eles serão responsáveis pelo pagamento dessa parte de quantia do “rombo”, enquanto o FGC entrará com o restante, de 34,4% – equivalente à participação dos créditos garantidos pelo fundo no passivo do Cruzeiro do Sul. Assim, os investidores nacionais devem arcar com R$ 180 milhões em perdas, o FGC deverá pagar R$ 810 milhões e os bondholders, R$ 1,37 bilhão – liquidando a parte negativa de R$ 2,23 bilhões.

Instituição deverá ser vendida
Essa operação só deve ocorrer se 90% desses detentores de títulos aceitarem. Celso Antunes, gestor do banco designado pelo FGC, acredita que isso deve passar sem dificuldades. “Quem vai dizer não? Se não aceitarem o deságio, que não é nada assustador, o banco será liquidado e eles vão ter que entrar na massa falida. E aí quem sabe quando ou quanto eles vão receber algo?”, afirma.

O próprio deságio está próxima da desvalorização dos títulos de dívida do Cruzeiro do Sul no exterior, garantem. Para o FGC, isso será uma operação simples, e adesão de mais de 90% dos investidores pode gerar um excedente – que será devolvido ao mercado de alguma forma ou de outra. A operação não se encerra por aí, já que só ocorrerá se houver alguma instituição financeira interessada na aquisição do Cruzeiro do Sul.

O processo para encontrar um candidato começa nesta quarta-feira (15) e termina no dia 10 de setembro, quando haverá a formalização das propostas. Se vendido, o novo dono deverá assumir no dia 17 de setembro e fazer um aporte de capital de cerca de R$ 750 milhões para manter o banco funcionando. Sem sucesso, o banco será liquidado no dia 17 de setembro.

“Estamos bastante otimistas. Comprar um banco com um rombo seria ousado, mas um banco com patrimônio líquido zerado, saneado e com capacidade de geração de negócios enorme? Acho bastante possível”, afirma Nunes. Ele destaca que acha bastante improvável que não haverá ao menos ofertas conservadoras para comprar o banco.

São 20 possíveis compradores que preenchem os prerequisitos para poder comprar o banco, entre eles possuir patrimônio líquido superior a R$ 2,5 bilhões e possuirem os R$ 750 milhões necessários para serem aportados. “Isso é bom para quem quer crescer, começar, ou até mesmo não deixar os outros crescerem. É uma oportunidade boa”, salienta Bueno.

(Felipe Moreno | Info Money)

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