Elétricas puxam movimento recorde de fusões e aquisições

O movimento de fusões e aquisições realizado pelas empresas que atuam no mercado de energia vai ser determinante para que o processo de consolidação seja recorde em 2012, apontam sócios da KPMG, reforçando uma tendência que foi dominante nos três primeiros meses do ano.
 
Somente no primeiro trimestres deste ano a KPMG registrou a concretização de doze operações entre companhias energéticas, quase três vezes mais que os cinco negócios assinados no mesmo período do ano passado.

Entre os negócios fechados no segmento de energia no Brasil este ano entre janeiro e março estão a aquisição pela Light da Guanhães Energia S.A., a compra da União de Transmissoras de Energia Elétrica pela Taesa e a consolidação – sob o controle da mesma Taesa – de ativos de transmissão detidos pela Cemig nos Estados do Amazonas, de Santa Catarina e do Paraná
 
"Os números mostram que o país vem sendo um dos lugares preferidos dos investidores que estão de olho no potencial do Brasil na geração de energia elétrica", analisa a sócia da KPMG no Brasil e líder da área de Energia, Vânia de Sousa. Para a consultora, o aumento pode ser um sinal de recuperação do setor elétrico que começou no fim do ano passado e que vai continuar presente nos próximos trimestres. "A movimentação das empresas de energia em busca de novos parceiros é sinal de que o mercado doméstico está bastante aquecido", afirmou.
 
Dessas doze operações concretizadas em 2012, nove foram domésticas, envolvendo apenas empresas de capital brasileiro. As outras três assinaturas partiram de empresas de capital majoritariamente brasileiro adquirindo, de estrangeiros, empresa de capital estrangeiro estabelecida no Brasil.
 
Com esse total, o setor formado pelas companhias de energia alcançou a quarta posição do ranking, ficando atrás de Tecnologia da Informação; Telecomunicação e Mídia; e Companhias de Serviço. Uma tendência que deve permanecer ao longo do ano, avalia o coordenador da pesquisa, Luis Motta, sócio-líder da área de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil.
 
A diferença marcante entre o setor de energia e outros acompanhados pela KPMG é a força do capital local. Se no agregado de 204 operações, 99 envolveram organizações de fora do país na ponta compradora – sendo 74 de operações em que o comprador é estrangeiro assumindo companhias brasileiras e 25 casos em que o capital externo compra outro estrangeiro no Brasil – no caso das empresas de energia a prevalência o poder do capital nacional.
 
"Nós temos verificado no setor de energia a prevalência de compradores locais", disse o Motta.
 
O ranking feito pela KPMG inclui ainda outros 41 segmentos que juntos totalizaram 204 operações no primeiro trimestre de 2012, melhor resultado da história para este período do ano.
 
O sócio da consultoria diz que 2012 pode representar um ano de recorde para o movimento de fusões e aquisições no Brasil. Essa marca pertence à temporada de 2011, quando 817 negócios foram anunciados.
 
O grande risco, aponta Luis Motta, é o cenário externo. "Se a crise afetar o financiamento das operações, essa pressão externa vai afetar o ritmo dos negócios", disse o sócio da KPMG. "Nós nunca fomos perguntados sobre eventuais linhas de financiamento locais porque o funding externo é mais barato, mas esse tipo de pergunta começou a aparecer", completou.
 
Exatamente por essa incerteza é que Luis Motta aponta a importância dos negócios entre empresas de energia. "Infraestrutura segue sendo importante para o Brasil, há recursos disponíveis e muito espaço para recomposição de ativos", disse Motta. "No caso de energia, tem muita coisa de médio e pequeno porte nos segmentos de geração renovável e combinação de ativos e consolidação também entre grandes empresas", afirmou.
 
Desde o lançamento do Plano Real, o setor de energia somou 372 negócios de fusão e aquisição, segundo levantamento da própria KPMG, quinta posição no ranking da consultoria. O recorde de consolidação no setor foi registrado em 2006, com 61 acordos anunciados.
 
"Tivemos um primeiro trimestre muito bom, promissor, com doze negócios em energia. Está entre os melhores dos últimos anos", disse Luis Motta.

(João José Oliveira | Valor)
 

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