Em ano fraco, Marabraz prepara Mappin

O comando da rede de móveis Marabraz começou a desenhar o plano de reabertura da lojas Mappin em São Paulo. Algumas questões já estão decididas e outras em fase de análise, diz a empresa. O portfólio de produtos à venda e o quadro de executivos que devem comandar o negócio, por exemplo, estão no centro da discussão agora. Deve haver mudanças em relação ao antigo modelo da loja de departamentos.

A Marabraz é uma das maiores redes de móveis populares do país, comandada pela família Fares, e adquiriu o direito de uso da marca Mappin em leilão público realizado em dezembro de 2009. Desde então, não falou mais do negócio. A empresa pagou R$ 5 milhões pela marca, bem abaixo dos R$ 12,1 milhões avaliados na época.

"Posso dizer que queremos relançar a marca com glamour. Não podemos errar, estamos pensando em detalhe por detalhe", conta o diretor-geral da Marabraz, Nasser Fares, um dos cinco filhos do fundador da varejista, Abdul Fares.

Questionado sobre rumores que circulam o mercado a respeito da hipótese de a rede ter desistido do projeto, Fares disse que essa discussão não existe. "Nós não desistimos de nada. O projeto continua de pé", afirma. Quando adquiriu a marca, o comando da Marabraz comentou que poderia abrir novas lojas Mappin até o ano de 2013. Sobre esse prazo, Fares prefere não fazer comentários. "Temos 50 anos de mercado, temos história e por isso queremos fazer bem feito."

O Valor apurou com pessoas próximas à rede que está em aberto a possibilidade de o novo Mappin ter algumas lojas menores daquelas que tinha na década de 90, por conta da falta de terrenos grandes e bem localizados em São Paulo. O mix de produtos deve se adaptar ao espaço reduzindo. Eletrodomésticos e portáteis devem ser vendidos. A companhia não confirma essas informações.

O Mappin terá uma gestão independente da Marabraz. O que pode acontecer, por exemplo, em termos de sinergia entre as duas operações é o fornecimento de móveis da fábrica da rede Marabraz para o Mappin, conforme informações apuradas pelo Valor.

A discussão sobre a abertura de uma nova rede de varejo controlada pelos donos da Marabraz acontece num momento difícil para a cadeia. As vendas da Marabraz registram queda de 7% de janeiro a outubro, diz Nasser Fares.

A estimativa é que essa retração perca um pouco a força no fim do ano e a rede termine com queda de 4% a 5% nas vendas em 2011. "O ano está bem fraco. Acho que a alta da inadimplência e a contenção dos gastos afetaram alguns setores, como o nosso", diz Fares. "Nesse cenário, ao longo do ano optamos por fazer investimentos internos, em capacitação e em sistemas, e discutimos o projeto Mappin".

Para Eugenio Foganholo, diretor da consultoria Mixxer, com os ganhos de renda, as classes C e D deixaram de comprar em lojas populares e passaram a frequentar redes especializadas em móveis e a comprar itens mais caros, parcelando o pagamento. "Isso pode ter afetado a rede", diz Foganholo.

Com 120 lojas, a Marabraz abriu 5 pontos este ano e planeja abrir outros 5 até dezembro. Em 2012, o plano é inaugurar 12 lojas. Segundo estimativa do mercado, a rede teria faturado R$ 700 milhões em 2010. A empresa não informa números.

(Adriana Mattos | Valor)

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