Equatorial compra Celpa e amplia atuação na região Norte

A Equatorial Energia fechou a compra da distribuidora paraense de energia Celpa, pondo fim à novela sobre o destino de uma das empresas do endividado Grupo Rede Energia.

Ao assumir a Celpa, a Equatorial Energia atenderá a uma área de concessão contígua à da Cemar, distribuidora maranhense que já controla, podendo obter sinergias.

A conclusão do processo ainda evitou com que a Eletrobras, acionista minoritária da Celpa, tivesse de assumir a paraense –uma prática que vinha acontecendo com outras distribuidoras de energia em dificuldades, como foi o caso da goiana Celg.

“É positivo. A pior coisa seria uma falência. E ainda foi uma solução de mercado, o que é um paradigma”, disse uma fonte do governo que preferiu não se identificar.

A Equatorial adquiriu a distribuidora do Pará por 1 real, assumindo 39,1 milhões de ações de emissão da Celpa. A empresa passa a ter 61,37 por cento do capital da distribuidora, segundo fato relevante nesta terça-feira.

O administrador judicial da Celpa, Mauro Santos, disse ainda que a Equatorial informou à Reuters que aportará cerca de 800 milhões de reais na distribuidora. A Eletrobras não irá mesmo aportar novos recursos na empresa, conforme já tinha adiantado, disse ele.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende concluir até 30 de outubro a votação das pendências para a transferência do controle da Celpa, para que a Equatorial assuma a empresa a partir de 1o de novembro, disse à Reuters o diretor do órgão regulador Romeu Rufino.

“Faremos um esforço para deliberar tudo até 30 de outubro”, disse Rufino, que foi relator do plano de transição da Celpa aprovado na semana passada pela agência.

O anúncio ocorre depois que venceu o prazo estabelecido pela Justiça do Pará para que Equatorial e Celpa fechassem o contrato de compra e venda. O atraso na assinatura chegou a fazer com que a J&F, holding controladora do frigorífico JBS, reforçasse o interesse na Celpa mais cedo nesta terça-feira.

No fim da semana passada, a juíza responsável pelo processo de recuperação judicial da Celpa, Maria Filomena Buarque, deu um prazo de três dias terminados na segunda-feira para que a Equatorial assumisse o compromisso de ficar com a Celpa.

O movimento buscava agilizar uma solução para a companhia, que já acumulava dívida de 458 milhões de reais com o Estado do Pará, diante de ICMS não repassados, segundo informação do administrador judicial da Celpa.

SEM INTERVENÇÃO

A Celpa estava em processo de recuperação judicial desde março e era a única das nove distribuidoras de energia do Grupo Rede que não sofreu intervenção pelo governo, na maior ação direta da história sobre um setor regulado, no fim de agosto.

O pedido de recuperação judicial da Celpa paralisou o processo de venda da fatia de 54 por cento do acionista majoritário Jorge Queiroz Junior no Grupo Rede. A participação tinha sido colocada à venda no fim de 2011, mas os interessados teriam ficado inseguros em prosseguir com as conversas.

Em junho, a Equatorial formalizou o interesse na Celpa e começou a participar da estruturação dos planos de recuperação e de transição para assumir a paraense.

Com uma dívida que ultrapassava os 3,4 bilhões de reais, segundo informações do administrador judicial no começo de setembro, o plano de recuperação da Celpa com os credores foi aprovado apenas em 1o de setembro, estabelecendo parcelamento no pagamento e desconto nas dívidas.

Já a aprovação do plano de transição –condição para que a Equatorial prosseguisse com a aquisição– ocorreu na semana passada pela Aneel, e foi parcial, não atendendo a todos os pleitos reivindicados pela Equatorial.

A Equatorial –que já afirmou ter interesse em ativos “complicados” aos quais possa agregar valor– assumiu o controle da Cemar por 1 real em 2004, e conduziu uma reestruturação na maranhense que é elogiada por analistas do setor elétrico.

O diretor financeiro da Equatorial Energia, Eduardo Haiama, afirmou em julho que a complexidade de operação na Celpa é maior que na Cemar, devido à área de atuação em plena floresta amazônica, entre outros fatores.

A ação da Equatorial, que chegaram a cair quase 2 por cento na mínima do dia, acelerou à tarde e terminou o pregão com valorização de 5,34 por cento na bolsa paulista. O papel não integra o Ibovespa, que caiu 2,28 por cento.

O fato relevante sobre a compra da Celpa pela Equatorial não trazia informações sobre como será feita a capitalização da distribuidora paraense, previsto no plano de saneamento da companhia. Os detalhes do contrato de compra e venda do controle também não foram divulgados.

A Celpa atende a 1,8 milhão de unidades consumidora em todo o Pará.

(Anna Flávia Rochas e Leonardo Goy | Reuters)

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