Escritórios vão para a Nova Faria Lima

A escassez de áreas disponíveis de escritórios comerciais de alto padrão na Faria Lima, entre as avenidas Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek, endereço nobre da zona sul de São Paulo, estimula investimentos no último trecho a ser explorado na avenida mais cobiçada por instituições financeiras para instalar ou expandir suas sedes. Ou seja, o endereço limitado pelas avenidas Juscelino e Helio Pellegrino.

UBS, Barclays e BicBanco se mudarão, nos próximos meses, para o edifício Faria Lima 4440, de padrão triple A. Trata-se do primeiro prédio pronto da leva de sete projetos corporativos desenvolvidos na Nova Faria Lima, com entrega prevista para até o fim de 2014.

A Faria Lima tem o metro quadrado de edifícios corporativos mais caro e a menor taxa de vacância do mercado paulistano. Em setembro, a vacância da região da Faria Lima em edifícios com ar-condicionado central e lajes acima de 250 metros quadrados úteis era de 2,6%, abaixo da média da capital paulista, de 3,1%, conforme levantamento da CB Richard Ellis (CBRE). Segundo a empresa, que foi responsável pela locação do Faria Lima 4440, nos prédios prontos triple A, com qualidade similar à do empreendimento, a parcela era de 0,5%.

Nos cálculos da Jones Lang LaSalle, a taxa de vacância do trecho da Faria Lima entre a avenida Cidade Jardim e a Helio Pellegrino era de 2,5% no terceiro trimestre, muito abaixo dos 14,57% do intervalo equivalente de 2010 e dos 7,7% da média da capital para edifícios de alto e altíssimo padrão. Os valores médios de locação nesses quarteirões situaram-se em R$ 138 – 13%, acima dos R$ 122 do terceiro trimestre de 2010.

"O estoque ficou inalterado nesse período. Com a demanda aquecida, os valores foram pressionados", diz o diretor de locação da Jones Lang, André Costa. O preço médio do metro quadrado de alto padrão ficou em R$ 127 e de altíssimo padrão, em R$ 142.

Para o Faria Lima 4440, os preços fechados de locação foram superiores a R$ 150 por metro quadrado. Isso resulta em valor total do aluguel mensal dos 15 andares do prédio em torno de R$ 3,5 milhões, conforme o sócio-diretor do fundo VBI, Rodrigo Abud. O fundo de private equity com investimentos no setor imobiliário VBI, que possui 92% do projeto, desenvolveu o Faria Lima 4440 em parceria com as empresas do setor de construção SDI Empreendimentos e Bueno Netto, que possuem 4% cada. A Gafisa construiu o prédio, mas não participou da incorporação.

Em 2006 e 2007, os sócios do Faria Lima 4440 desembolsaram cerca de R$ 50 milhões na compra das 17 propriedades que compuseram o terreno. A maior parte foi composta pela área onde funcionava a academia Projeto Acqua. "Para nós, estava claro que a expansão da Faria Lima ia continuar naquele trecho. Fomos os primeiros a comprar terreno ali", conta Abud. Na época, a avaliação era que o valor do aluguel do metro quadrado na Nova Faria Lima seria menor do que o da área mais consolidada da avenida, o que não ocorreu. Segundo o diretor de locação da CBRE, Adriano Sartori, independente de a localização do edifício ser antes ou depois da Juscelino, "o endereço Faria Lima prevalece".

Além da pressão sobre os valores de locação, o cenário de aperto entre oferta e demanda se reflete em pré-locações cada vez mais cedo. "As pré-locações eram fechadas, em média, de três a seis meses antes do habite-se, mas o prazo médio passou a ser de seis a 12 meses", compara Sartori. Dos 230 mil metros quadrados de edifícios de alto padrão na região das avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek com entrega até o fim de 2012, 40% já estão locados, nas estimativas da CBRE.

O Faria Lima 4440 foi totalmente pré-locado um ano antes da entrega, informou o diretor da Bueno Netto, Carlos Alberto Bueno Netto. O BicBanco ocupará dez mil metros quadrados e UBS e Barclays ficarão em área de seis mil metros quadrados cada um. A demanda foi duas vezes superior à área ofertada. Foram recebidas também propostas de multinacionais e de uma firma de consultoria.

(Chiara Quintão | Valor)

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