Foco Educacional avalia negócios na educação básica

Enquanto o mercado de educação superior é disputado por grandes grupos, a gestora de recursos carioca Local Invest está de olho no ensino básico. Em março, a empresa criou a holding Foco Educacional e no mês seguinte fez sua primeira aquisição, o colégio Anglo-Americano, do Rio. Agora, negocia a compra de outras quatro instituições – uma delas em Niterói – e de um sistema de ensino, segundo Luis Fernando Pessôa, sócio-fundador da Local Invest.

"Hoje, o setor privado de ensino básico tem 7 milhões de alunos e 20 mil colégios no país. Muitos são negócios familiares, de uma professora que começou sua escola e deu certo. Mas a maioria sequer tem uma contabilidade organizada", diz Pessôa. "Não existe uma rede de ensino básico nacionalmente forte".

Ele não revela o valor da compra do colégio Anglo-Americano – tradicional escola de classe média do Rio de Janeiro que pertencia ao senador Ney Suassuna. Seu filho, Rodrigo Suassuna, diretor da escola, assumiu o cargo de diretor-presidente da holding. "Nosso negócio é investimento, precisávamos de um parceiro que entendesse de educação", afirma Pessôa. O Anglo-Americano tem cinco unidades no Rio, trabalha também com ensino a distância, e um total de 3,5 mil alunos.

O objetivo da Foco Educacional é ousado: ter 80 mil alunos em quatro anos, dos quais 40 mil no ensino básico presencial. Para isso, pretende abrir, adquirir ou ampliar redes em cidades que estão crescendo graças a investimentos públicos e privados, como São Gonçalo e Itaboraí, onde ficará o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). "A Petrobras vai levar 6 mil trabalhadores para lá que vão precisar de ensino de qualidade", afirma Pessôa.

Na estratégia do grupo estão todas as classes sociais. "Nós fazemos pesquisa de mercado para ver o que cabe em cada região. Hoje, por exemplo, há uma demanda enorme de escolas para a classe AA na Zona Sul do Rio de Janeiro", observa.

Na mira da Foco Educacional também estão os municípios de Petrópolis, Macaé, Juiz de Fora, cidades do Vale do Paraíba no Rio, entre outras. Para gerar escala, o grupo também quer investir em ensino técnico profissionalizante. "É raro ver atualmente escolas privadas técnicas. O que temos são as Cefets, Faetecs e o Senai". Os colégios adquiridos teriam aulas normais de manhã e à tarde, e seriam transformados em escolas de ensino profissionalizante no período da noite.

Além de escolas físicas, a holding também está voltada para negócios no segmento de educação a distância e na área de sistemas de ensino (instituições que vendem apostilas e metodologias de educação).

(Paola de Moura | Valor)

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