Interpublic, a máquina de compras

A Interpublic, grupo americano nos setores de publicidade e de relações públicas, adquiriu 14 novas empresas em 10 meses, numa onda de aquisições que a levará a ter comprado mais neste ano do que nos cinco anteriores.

A empresa por trás de agências como McCann Worldgroup, Mediabrands DraftFCB está a caminho de gastar US $ 150 milhões na compra de novas agências neste ano. "Nossa postura é de agressividade", disse Michael Roth, principal executivo da Interpublic.

"Nós temos os recursos financeiros e de capital para realizar aquisições, mas queremos ter certeza de que se encaixam em nossos planos em âmbito mundial".

Para a IPG, que origina a maior parte de seus negócios nos EUA, isso significou participação nos países do Bric.

Entre as aquisições deste ano estão a S2Publicom, uma empresa de relações públicas no Brasil, AllofUS, uma loja do Reino Unido que realiza fortes vendas na Rússia, e Interactive Avenues, uma joint venture na Índia. "Nossas agências de alcance mundial são aquelas nas quais estamos investindo, porque em torno delas estão os mercados em crescimento", diz Roth.

Mas na China, onde "a mídia é de propriedade do governo", disse Roth, a IPG está assumindo uma postura mais comedida, em termos de crescimento. "Nós vamos investir na China, mas não é o ambiente em que queremos apostar todas as nossas fichas", disse ele.

Roth também está buscando expandir a nova capacitação da IPG em novas mídias e mídia social.

Na quarta-feira, será anunciada a aquisição da Meteorite, uma loja digital no Reino Unido com clientes que incluem Costa e Royal Mail. Diversas outras de suas novas agências são também especializadas em marketing digital. O surto de crescimento tem um risco inerente para o IPG, que deu um tiro no pé em aquisições anteriores.

Em 2005, o grupo disse que publicaria uma revisão de seus lucros retroativa a 2000, devido a problemas com seus controles de contabilidade internos durante uma onda de aquisições durante as décadas de 1980 e 1990.

A empresa estava à beira da inadimplência e de abandonar o mercado de ações, e Roth, ex-executivo no setor de serviços financeiros, foi trazido para orquestrar uma reviravolta. "Passamos alguns anos reforçando nosso balanço patrimonial", disse Roth.

"A recuperação ainda não terminou, mas, financeiramente, estamos tão confortáveis como não estávamos há algum tempo". Mas analistas e investidores não estão convencidos. As ações da companhia caíram mais de 30% desde o início do ano e atingiram mínimos históricos nas últimas semanas.

Embora as ações dos grupos concorrentes Omnicom e Publicis tenham caído cerca de 20%, e a WPP assinale uma queda de 25%, o fraco desempenho da IPG tem levado alguns analistas do setor a questionar a viabilidade de longo prazo da companhia.

"A IPG voltou a ter de contar uma história convincente e terá de fazer isso para que suas ações reajam e o mercado acredite no forte crescimento de lucros esperado para este ano e o próximo", escreveu Alexia Quadrani, analista do JPMorgan, em nota recente.

(David Gelles | Financial Times)

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