Lopes aumenta fatia na Patrimóvel e quer controle

A Lopes garantiu, ontem, a última grande aquisição do setor imobiliário. Depois de idas e vindas, fechou a opção de compra do controle da Patrimóvel, líder na venda de imóveis no Rio. A empresa – que já era dona de 10% da Patrimóvel – comprou mais 10% por R$ 10 milhões. Passa a ser dona, imediatamente, de 20% da companhia, mas tem opção de adquirir os 31% restantes que lhe garantem o controle por R$ 51,5 milhões em até 150 dias.

"Não fechamos toda a compra do controle nesse momento porque estamos estudando qual a melhor forma de pagar o restante", explica Marcello Leone, diretor de relações com investidores da Lopes. "Acabamos de pagar R$ 41 milhões em dividendos e ainda temos R$ 100 milhões a pagar de aquisições anteriores", acrescenta, dizendo que o objetivo é ter os 51% da imobiliária carioca.

É a segunda vez que a Lopes assina contrato para comprar a Patrimóvel, mas, desta vez, por uma nova avaliação. Em novembro de 2007, auge do boom imobiliário, a Lopes assinou contrato para compra de 100% da imobiliária carioca por R$ 210 milhões. Agora, em um novo momento de mercado, a empresa está sendo avaliada em R$ 150 milhões, cerca de 9,3 vezes seu lucro projetado para 2010.

Um ano depois da assinatura do contrato, em dezembro de 2008, a crise financeira fez a Lopes desistir da compra. Com a drástica redução dos lançamentos feita pelas construtoras, o valor de mercado da Lopes caiu de R$ 1,7 bilhão para R$ 300 milhões em um ano – e o preço acertado para a compra ficou descasado do valor de mercado da Lopes. Na época, a Lopes já tinha desembolsado R$ 80 milhões e o pagamento foi convertido numa participação de 10% da Patrimóvel. Na mesma ocasião, a Lopes assinou a opção de compra da empresa, que poderia ser exercido por três anos. Segundo o Valor apurou, Rubem Vasconcelos, dono da Patrimóvel, estava negociando a venda para outra companhia e, para barrar e garantir o ativo, a Lopes exerceu o direito de compra e segurou o negócio com desembolso inicial de R$ 10 milhões.

Na época, para concluir a aquisição, a Lopes ainda teria de pagar R$ 150 milhões pela empresa, a metade do seu valor de mercado. Ontem, o valor de mercado da Lopes ontem era de R$ 1,167 bilhão e a aquisição, agora, ainda que de 51% (considerando os R$ 80 milhões pagos na primeira negociação), representa pouco mais de 10% do valor de mercado da companhia. "A realidade hoje é outra", diz Leone. Pelo contrato, Rubem Vasconcelos, fundador da Patrimóvel, é obrigado a permanecer por mais dez anos no negócio. A gestão comercial fica com a imobiliária carioca e a gestão financeira, com a Lopes. Nas últimas aquisições, como da Royal, em Brasília, a Lopes comprou 51% do negócio.

O mercado carioca é considerado estratégico para a Lopes, que é líder em São Paulo, mas tem uma presença muito tímida no Rio de Janeiro. "O Rio tem um potencial de crescimento enorme, será a sede da Olimpíada e o epicentro da Copa", afirma. No primeiro trimestre, a Lopes vendeu R$ 1,4 bilhão em lançamentos e a Patrimóvel, R$ 500 milhões. "A compra de 51% nos dá a liderança nacional."

A Lopes já adquiriu oito empresas do setor imobiliário. Seguiu o modelo da concorrente e líder de mercado BR Brokers, que cresceu da união de várias imobiliárias.

(Daniela D”Ambrosio | Valor)

 

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