Marca Webjet será eliminada com compra pela Gol

A Gol vai absorver a marca Webjet, que será extinta com a integração das duas companhias. A informação é do presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, que participou ontem de teleconferência sobre a compra de 100% do capital da Webjet pelo valor total de R$ 310,7 milhões, dos quais R$ 96 milhões em dinheiro e o restante de dívidas com bancos que vencem até 2015. O negócio foi anunciado na sexta-feira.

O dinheiro que a Gol usará para pagar ao empresário Guilherme Paulus, único acionista da Webjet e fundador da operadora de turismo CVC, virá do caixa da Gol. O valor é parte dos R$ 500 milhões de recursos levantados há 20 dias numa emissão de debêntures, com vencimento em seis anos.

O tempo para a absorção da marca Webjet vai depender da aprovação do negócio por órgãos competentes, como Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O prazo para o aval, porém, ainda é indefinido.

Está nos planos a renovação da frota de 24 aviões da Webjet, modelos Boeing 737-300, no prazo de 18 a 24 meses, depois de obtida a aprovação do negócio. Serão usadas aeronaves da nova geração dessa família, os 737-700 e 737-800, operados pela Gol. Para isso, Constantino considera ampliar a encomenda de aviões da Boeing. Há outros dois caminhos possíveis para esse plano: a renovação de contratos de arrendamento (leasing) da própria Gol ou novos contratos de leasing.

Os principais credores da dívida de R$ 214,7 milhões da Webjet são o Bradesco, Safra e Citibank, contou o vice-presidente financeiro da Gol, Leonardo Pereira. "Essa dívida só será da Gol quando o negócio for aprovado", disse o executivo.

Segundo ele, é provável que o caminho para o alongamento dessa dívida seja a emissão de bônus ou a busca de recursos no mercado. Ele acrescentou que a Webjet tem outro débito, de R$ 120 milhões, de contratos de leasing, que não aparecem no balanço e vencem em até três anos.

Os valores definitivos da negociação com a Webjet deverão ser definidos nos próximos 30 a 45 dias, prazo para a conclusão da auditoria. O contrato de compra e venda, que permitirá à Gol comunicar o negócio oficialmente aos órgãos competentes, deverá ser assinado em 10 dias.

A hegemonia da Gol em 8 das 10 principais rotas domésticas com a compra da Webjet não deverá ser empecilho para o Cade aprovar o negócio, na avaliação de Constantino. O Valor publicou ontem que a Gol já liderava em duas ligações antes da aquisição – em Congonhas-Confins e Congonhas-Curitiba. Com a Webjet, passa a TAM em mais seis rotas, entre os aeroportos de Guarulhos e os de Salvador, Porto Alegre, Brasília e Galeão (Rio).

Gol e Webjet também terão a hegemonia nos voos entre o Santos Dumont e os aeroportos de Brasília e Salvador. Na rota entre Santos Dumont e Brasília, as duas companhias juntas terão 60,3% do fluxo de passageiros. Entre Galeão e Salvador, as responderão por 60,4% da demanda. A TAM ficará com a liderança apenas na ponte-aérea e entre Congonhas e Brasília. "Respeito a independência do Cade. A minha visão pessoal é a de que o fato de a Gol liderar em oito rotas vai trazer benefício ao consumidor. Vamos levar nossas tarifas baixas para estimular e provocar a concorrência", disse Constantino.

O preço das passagens aéreas aumentou 27,37% no país nos 12 meses encerrados em junho. A alta é bem superior à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período, de 6,71% (ver quadro ao lado).

A Gol espera obter uma sinergia de custos de R$ 100 milhões em dois anos após concluída a compra da Webjet. "Essa sinergia deverá ser obtida com fornecedores, integração de bases e padronização de processos", afirmou Pereira.

Constantino afastou a possibilidade de demissões. Isso porque, segundo ele, a Webjet tem uma estrutura enxuta, com 1.670 funcionários. A Gol tem 18 mil colaboradores diretos. "Não acredito que terá um processo de demissão. Pelo contrário, com ampliação de frota, a Gol pode fomentar um processo de contratação", afirmou o presidente da companhia, acrescentando que a Webjet deverá faturar este ano cerca de R$ 800 milhões, após ter faturado R$ 750 milhões em 2010. Colaboraram Denise Carvalho e Marina Falcão

(Alberto Komatsu | Valor)

+ posts

Share this post